Abstenção em eleição de SP: impacto no voto e candidatos

Abstenção em eleição de SP: impacto no voto e candidatos

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Análise do Cenário Eleitoral em São Paulo: A Importância da Abstenção no Segundo Turno

Em meio a um cenário eleitoral marcado pela disputa acirrada na corrida pela prefeitura de São Paulo, a questão da abstenção se destaca como um fator crítico na composição do resultado do segundo turno. A participação nas urnas, especialmente entre os eleitores menos escolarizados, será um elemento decisivo e que pode influenciar diretamente o desfecho dessa eleição.

Contexto da Eleição

O atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), enfrenta a concorrência acirrada do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e do empresário Pablo Marçal (PRTB). O cenário é de uma disputa embolada, onde cada voto pode fazer a diferença. De acordo com dados do Datafolha, Nunes aparece com um percentual considerável de intenções de voto entre os eleitores que têm apenas o ensino fundamental completo, mas a grande pergunta que paira sobre sua campanha é como conseguir mobilizar esses eleitores para que compareçam às urnas.

O Impacto da Escolaridade na Abstenção

Històricamente, a abstenção tende a ser mais elevada entre eleitores que não completaram o ensino fundamental. Levantamentos de cientistas políticos, como o realizado por Oswaldo Amaral da Unicamp, revelam que à medida que a escolaridade do eleitor aumenta, a tendência de comparecimento às urnas também cresce. Este fenômeno se relaciona frequentemente com aspectos socioeconômicos, pois a maioria dos eleitores menos educados também pertence a camadas mais vulneráveis da população, que enfrentam obstáculos materiais significativos para participar do processo eleitoral.

Dados sobre Abstenção nas Últimas Eleições

Um panorama das últimas eleições em São Paulo mostra que em 2016 a abstenção entre eleitores com ensino fundamental foi de 27,1% e aumentou para 36,8% em 2020, enquanto entre os que possuem ensino superior, as taxas foram consideravelmente menores, com 16% e 21,7%, respectivamente. Na atual eleição, os dados do Datafolha indicam que Nunes lidera com 30% das intenções de voto neste grupo menos escolarizado, seguido por Boulos com 26% e Marçal com 14%.

A Mobilização do Eleitorado

A importância da mobilização é indiscutível, e Nunes se apoia não apenas na rejeição a seus adversários, mas também em uma estratégia clara para capitalizar sobre a base de vereadores que o apóiam. Entretanto, a situação é delicada, pois, apesar do prefeito possuir uma base de apoio expressiva, o engajamento dos eleitores é crucial. Um estudo revelou que apenas 14% dos eleitores de Nunes se mostram "altamente motivados" a comparecer às urnas, um número inferior ao de Boulos (42%) e Marçal (30%).

Estratégias de Campanha e Comparecimento

Nunes, na tentativa de aumentar a mobilização e garantir a presença de seu eleitorado, se beneficia do que foi chamado por Antonio Lavareda de "exército de vereadores", dado que sua coligação é a maior entre os candidatos. Esses vereadores têm a capacidade de se conectar com a população nas comunidades, especialmente nas áreas mais carentes da cidade. Lavareda enfatiza que a presença de vereadores é vital para atrair os eleitores mais vulneráveis, que por muitas vezes carecem de suporte logístico e emocional para exercer seu voto.

O Passe Livre como Incentivo

Outro fator que pode influenciar positivamente o comparecimento é a implementação do passe livre no transporte público no dia da votação. O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que as prefeituras devem fornecer transporte gratuito aos eleitores, uma medida que já demonstrou eficácia na última eleição. Durante o segundo turno de 2022, a concessão de transporte gratuito resultou em uma queda significativa na abstenção.

Conclusão

Em um cenário onde a abstenção tem o potencial de moldar o resultado eleitoral, a capacidade dos candidatos de mobilizar seus apoiadores e incentivar a participação ativa nas eleições se torna uma questão central. A combinação de estratégias de campanha focadas na mobilização da base, somadas a medidas que facilitam o acesso às urnas, poderá ser decisiva no embate que se aproxima entre Nunes, Boulos e Marçal.

Expectativas para o Dia da Votação

Com as caminhadas programadas e a busca por engajamento em bairros estratégicos, candidatos como Nunes e Boulos planejam intensificar suas presenças em áreas que concentram seus eleitores. Nunes apostará na Zona Leste, onde tem uma base significativa, enquanto Boulos tentará conquistar o eleitorado lulista com uma caminhada na Avenida Paulista. Marçal, por sua vez, encerrará sua campanha com uma “corrida pelo povo”, buscando conectar-se com o eleitor de maneira dinâmica.

Considerações Finais

A proximidade das eleições exige que os candidatos estejam atentos não apenas às intenções de voto, mas também ao verdadeiro desafio da mobilização do eleitorado. A abstenção, embora vista frequentemente como um problema, pode ser a chave para o vencedor nesta acirrada corrida pela prefeitura de São Paulo. O que resta é observar como cada candidato irá articular suas estratégias para garantir que seus apoiadores estejam nas urnas no dia da votação.


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