'Ainda Estou Aqui' conquista prêmio Goya, o Oscar Espanhol

'Ainda Estou Aqui' conquista prêmio Goya, o Oscar Espanhol

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"Ainda Estou Aqui": Triunfo Histórico do Cinema Brasileiro

O filme "Ainda Estou Aqui", dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello, fez história ao vencer o prêmio Goya, uma das mais prestigiadas premiações do cinema europeu, frequentemente referida como o "Oscar espanhol". A cerimônia, realizada em Granada, na Espanha, no dia 8 de outubro de 2023, marcou um momento significativo para o cinema brasileiro, pois esta foi a primeira vez que uma produção nacional conquistou este prêmio em sua categoria.

O que É o Prêmio Goya?

Os Prêmios Goya foram estabelecidos pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas da Espanha em 1987. A premiação visa reconhecer as melhores produções cinematográficas do país, abrangendo categorias como Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Ator/Atriz. O evento celebra o cinema espanhol e ibero-americano, e ter um filme brasileiro como vencedor neste contexto é um indicativo do crescente respeito e apreciação pela produção cinematográfica do Brasil no cenário internacional.

Sinopse de "Ainda Estou Aqui"

"Ainda Estou Aqui" narra a comovente história de Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres, uma advogada e ativista que, por quatro décadas, buscou incansavelmente a verdade sobre o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva, interpretado por Selton Mello. Rubens, um ex-deputado federal, foi assassinado durante a brutal ditadura militar que assolou o Brasil entre 1964 e 1985. O filme promete uma reflexão profunda sobre memória, dor e luta pela justiça em um contexto repleto de repressão e silenciamento.

Recepção e Reconhecimento

O reconhecimento de "Ainda Estou Aqui" vai muito além do prêmio Goya. Além de ser a primeira produção brasileira a conquistar tal honra, o longa também foi eleito o melhor filme do Brasil em 2024 pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Esta dupla vitória reafirma a relevância do cinema nacional na exploração de temas sociais e históricos profundos.

Candidaturas aos Oscars

"Ainda Estou Aqui" é também uma forte concorrente na próxima cerimônia do Oscar, onde foi indicado em três categorias: Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz (para Fernanda Torres). Essa visibilidade no Oscar é uma oportunidade ainda maior para o filme atingir um público global, ampliando a discussão sobre a história e a cultura brasileira.

Produção e Colaboração

Walter Salles, renomado cineasta brasileiro, não é estranho ao reconhecimento internacional. Ele anteriormente conquistou um Oscar por Melhor Canção Original com "Diários de Motocicleta". Na recente cerimônia do Goya, quem recebeu a estatueta em nome de Salles foi o cantor e compositor uruguaio Jorge Drexler, que leu uma mensagem do diretor. Salles expressou sua profunda gratidão à Academia e reforçou a importância da cultura ibero-americana e a influência que cineastas como Buñuel tiveram em sua formação artística.

Roteiro e Criação

Os roteiristas de "Ainda Estou Aqui" também desempenharam um papel crucial na construção da narrativa do filme. Eles se debruçaram sobre um vasto material histórico e emocional, trazendo à tona não apenas os eventos que cercam a ditadura militar, mas também a resiliência e a luta das pessoas afetadas por essas injustiças. Esse aspecto do desenvolvimento do filme foi destacado em entrevistas com os roteiristas, que compartilharam como o processo de criação envolveu uma cuidadosa pesquisa para garantir a veracidade e o impacto emocional da história.

Homenagem aos Influentes

Durante seu discurso, Walter Salles dedicou o prêmio não apenas ao cinema brasileiro, mas também a figuras influentes em sua vida e carreira, como Eunice Paiva, Marcelo Rubens Paiva, e a icônica Fernanda Montenegro. Ele também expressou sua admiração por grandes cineastas que moldaram sua visão, como Pedro Almodóvar e Fernando Trueba, duas figuras proeminentes do cinema ibero-americano.

A Importância da Memória

"Ainda Estou Aqui" destaca a importância da memória e da reflexão sobre as cicatrizes deixadas pela ditadura no Brasil. Através da narrativa de Eunice, o filme busca dar voz aos que foram silenciados, promovendo uma conscientização sobre os direitos humanos e a luta pela verdade e justiça. Este aspecto é especialmente relevante em um momento em que a desinformação e o revisionismo histórico estão em ascensão.

Protagonismo Feminino

A atuação de Fernanda Torres no papel de Eunice Paiva é digna de nota. A atriz já é uma figura consolidada no cinema brasileiro, e sua performance foi amplamente elogiada. No início de 2024, Fernanda já havia conquistado o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama por sua interpretação em "Ainda Estou Aqui", consolidando ainda mais sua posição como uma das principais atrizes da atualidade.

Competição Internacional

Na cerimônia do Goya, "Ainda Estou Aqui" enfrentou a concorrência de filmes de outros países ibero-americanos: "Agárrame Fuerte" do Uruguai, "El Jockey" da Argentina, "No lugar da outra" do Chile e "Memórias de um corpo que arde" da Costa Rica. Cada um desses filmes traz suas próprias narrativas e desafios, tornando a competição ainda mais acirrada.

Críticas e Prêmios

O filme tem sido recebido com críticas positivas não apenas no Brasil, mas também em festivais internacionais, onde foi exibido. A diversidade de prêmios e reconhecimentos que "Ainda Estou Aqui" acumulou até o momento indica não apenas a qualidade da produção, mas também sua relevância cultural.

A Emoção de Jorge Drexler

O emocionalíssimo momento da cerimônia foi marcado pela presença de Jorge Drexler, que teve a honra de receber o prêmio em nome de Walter Salles. O músico leu uma carta escrita pelo diretor, onde expressava seu agradecimento e refletia sobre a importância deste reconhecimento para a cultura cineasta ibero-americana. A emoção também estava chapada nas palavras de Salles, que declarou: "Estamos todos na mesma margem do rio", simbolizando a união em torno da luta por justiça e memória.

Desafios do Cinema Brasileiro

Apesar do reconhecimento, o cinema brasileiro enfrenta muitos desafios. Atores, diretores e produtores frequentemente lidam com a falta de financiamento, censura e uma indústria cinematográfica que ainda está emergindo em relação a outras nações. No entanto, o sucesso de "Ainda Estou Aqui" oferece um vislumbre de esperança e um potencial para um futuro mais promissor para a produção nacional.

O Futuro do Cinema Nacional

Com a crescente visibilidade de filmes como "Ainda Estou Aqui", é possível que mais histórias sobre a história e a cultura brasileiras ganhem destaque nas telas internacionais. O público global está cada vez mais interessado em narrativas que exploram questões sociais e políticas e que refletem as lutas e conquistas das comunidades ao redor do mundo.

Conclusão

O triunfo de "Ainda Estou Aqui" no Prêmio Goya é um marco não apenas para o cinema brasileiro, mas também para a cultura ibero-americana como um todo. O filme faz ecoar vozes de resistência e memória, trazendo à tona histórias que precisam ser contadas e lembradas. Com a sua participação no Oscar e cada vez mais prêmios a caminho, "Ainda Estou Aqui" certamente deixará um legado duradouro na cinematografia global.

Contagem Regressiva para o Oscar

A expectativa agora se volta para o Oscar, que ocorrerá em 2 de março de 2024. Com "Ainda Estou Aqui" competindo em três categorias, os fãs do cinema brasileiro e o público em geral estão ansiosos para ver o que o futuro reserva para essa obra poderosa. A transmissão ao vivo da cerimônia pela TV Globo promete ser uma celebração do talento e da dedicação dos artistas brasileiros na luta por uma narrativa inclusiva e justa.

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