Avião da VoePass: Ex-funcionários denunciam falta de segurança

Avião da VoePass: Ex-funcionários denunciam falta de segurança

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Investigações Revelam Irregularidades na VoePass Após Queda de Aeronave em Vinhedo

A tragédia envolvendo a companhia aérea VoePass, que culminou na queda de um avião em Vinhedo, interior de São Paulo, expôs graves irregularidades e descasos em relação à manutenção das aeronaves. Ex-funcionários da empresa têm prestado depoimentos alarmantes sobre a segurança da frota, destacando situações que colocavam em xeque a integridade dos voos e a segurança dos passageiros.

Denúncias de Segurança

Um ex-funcionário, que preferiu se manter em anonimato, relatou ao programa Fantástico, da TV Globo, que a companhia operava com aeronaves em condições precárias. Ele mencionou um avião que chamavam de “Maria da Fé”, referindo-se à falta de explicações plausíveis sobre como uma aeronave com tantos problemas conseguia efetuar voos. A declaração do funcionário ilustra um padrão preocupante de negligência na manutenção das aeronaves, onde a segurança era considerada um aspecto secundário frente ao lucro.

Além das declarações, imagens de uma dessas aeronaves revelam condições alarmantes de manutenção. Fotos mostram poltronas soltas e frestas nas portas capazes de sugar objetos, indicando um claro desprezo pelas normas de segurança.

Relatos Pós-Pandemia

Henrique Hacklaender, diretor-presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, contextualizou que as reclamações sobre a VoePass aumentaram consideravelmente após a pandemia de Covid-19. Os tripulantes reportaram níveis crescentes de fadiga e relataram problemas específicos como a deterioração do sistema de ar-condicionado, que apresentava falhas significativas.

A jornalista e escritora Daniela Arbex também compartilhou a sua experiência de voo um dia antes da tragédia. Em um relato angustiante feito em suas redes sociais, Dani revelou que o ar-condicionado da aeronave estava desligado, fazendo com que passageiros passassem mal por causa do calor excessivo. Segundo ela, membros da equipe de cabine informaram que o sistema só funcionaria em voo, uma afirmação que, de acordo com os fatos, parecia não se concretizar.

Irregularidades de Manutenção

Um caso particularmente chocante mencionado por Ruy Guardiola, um ex-piloto da VoePass, envolve um episódio que ocorreu em 2019, quando uma equipe de manutenção utilizou um palito de fósforo para contornar um problema no sistema antigelo da aeronave. Este sistema é crítico para a operação segura durante voos, especialmente em climas frios. Para Guardiola, que é respeitado no setor por sua experiência, esse incidente revela um nível de comprometimento inaceitável com a segurança dos voos.

Processos e Reclamações na Justiça

A VoePass carrega um histórico judicial pesado, acumulando cerca de 150 processos no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo desde 2021. As ações se concentram em pedidos de indenização por danos morais, refletindo não apenas a insatisfação dos passageiros, mas também um padrão repetido de inadequação no serviço.

Um levantamento feito na plataforma Reclame Aqui revelou que a empresa criou uma imagem negativa entre os usuários. Nos últimos doze meses, foram registradas quase 900 reclamações, das quais apenas 9,2% receberam resposta nos últimos seis meses. As queixas mais frequentes envolvem cancelamento de voos, qualidade do serviço e dificuldades em obtenção de reembolso.

Investigação e Perícia

Em resposta à queda do avião, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) começou a realização das perícias necessárias. A investigação se encontra na fase de coleta de informações que possam elucidar as causas do desastre. Até o momento, foram levantadas hipóteses como formação de gelo nas asas, danos anteriores ao modelo e falhas no ar-condicionado.

A possibilidade de que o acidente tenha sido causado por formação de gelo é apoiada por dados meteorológicos do dia em que ocorreu, além de um histórico de incidentes semelhantes em outras partes do mundo. Por outro lado, as especulações sobre um “tailstrike” também levantam preocupações acerca da manutenção inadequada.

Conclusão e Expectativas Futuras

O trágico acidente que custou a vida de 62 pessoas não é apenas uma tragédia, mas um aviso alarmante sobre a necessidade de um exame mais rigoroso nas práticas de manutenção nas companhias aéreas. A interrupção da confiança pública em empresas aéreas é um assunto que deve ser levado a sério, e as autoridades competentes precisam agir rapidamente para garantir que a segurança dos passageiros seja sempre a prioridade máxima.

A conclusão das investigações do CENIPA é aguardada ansiosamente e deverá trazer recomendações essenciais que podem impactar não apenas a VoePass, mas toda a aviação regional do Brasil. O foco deve sempre ser na segurança, e é imperativo que medidas adequadas sejam implementadas para prevenir futuros acidentes.

Chamada à Ação

Para os cidadãos preocupados com a segurança na aviação regional, é crucial se manter informado e participar ativamente das discussões relacionadas à segurança aérea. A pressão pública pode ser um poderoso catalisador para mudanças que garantam que situações de descaso não voltem a ocorrer, assegurando assim vidas e promovendo um ambiente mais seguro para todos os viajantes.

Referências:

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