Barbárie em São Paulo: Como Frear a Violência Policial

Barbárie em São Paulo: Como Frear a Violência Policial

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A Violência Policial em São Paulo: Um Olhar Crítico sobre a Política de Segurança de Tarcísio de Freitas

A segurança pública no Brasil, especialmente em São Paulo, vive um momento crítico. A administração do governador Tarcísio de Freitas, que se alinha com a ideologia bolsonarista, tem sido marcada por episódios alarmantes de violência policial. Nos últimos meses, a situação tem chamado a atenção não apenas da sociedade civil, mas também de organismos internacionais, como o Conselho de Direitos Humanos da ONU, que se manifestou sobre a escalada da violência nas operações policiais.

A Retórica de Indiferença

Tarcísio de Freitas, em um discurso que refletia descaso diante das preocupações com os direitos humanos, afirmou: “Pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí.” Essa declaração, exorbitante e repleta de deboche, expõe uma postura que ignora as críticas sobre a brutalidade policial e a letalidade nas intervenções das forças de segurança.

O Aumento das Mortes e a Brutalidade Policiais

Dados alarmantes corroboram a preocupação com o aumento da violência. Um relatório da Ouvidoria da Polícia de São Paulo, em colaboração com organizações de direitos humanos, revelou que as operações “Escudo” e “Verão”, realizadas entre julho de 2023 e abril de 2024, resultaram em 84 mortos. Esses números são os mais altos desde os acontecimentos traumáticos do massacre no Carandiru, ocorrido há 32 anos, quando 111 presos perderam a vida.

Perfil da Violência Policial em São Paulo

A transição do governo estadual sob Tarcísio e a nomeação de Guilherme Derrite, capitão reformado da Polícia Militar e deputado federal, como secretário de Segurança Pública indicaram uma mudança drástica na abordagem às questões de segurança. Nos anos anteriores, São Paulo destacou-se por reduzir a letalidade policial. Em 2022, a polícia paulista matou 421 pessoas, enquanto a polícia da Bahia, destaque pela violência, registrou 1.467 mortes. No entanto, a tendência começou a se inverter, com um crescimento significativo nas mortes por intervenções policiais nas duas regiões em 2023.

Casos Estarrecidos de Violência

Entre os diversos casos de violência que emergem dessa situação devastadora, destaca-se o trágico assassinato do menino Ryan da Silva Andrade, de apenas 4 anos, durante um confronto em Santos. O pequeno Ryan já havia perdido o pai em uma operação policial meses antes. A presença de viaturas durante seu velório foi encarada como uma forma de intimidação à família enlutada, refletindo o clima de medo que permeia as comunidades mais vulneráveis.

Outro caso chocante foi o de Guilherme Alves Marques de Oliveira, de 18 anos, morto em uma operação no Jardim Vitória. A abordagem das autoridades ao irmão da vítima, que estava ao lado de sua mãe, no momento do velório, exemplifica a falta de respeito às famílias que sofrem perdas irreparáveis.

A brutalidade policial não se limita a ações letais. Há incidentes de abusos e humilhações, como no caso de Marco Aurélio Cardenas Acosta, um estudante de medicina de 22 anos, que foi abatido de forma impiedosa e desarmada em um hotel na Zona Sul da capital. Situações de violência física descontrolada também têm sido frequentemente relatadas, como a recente agressão a um motoentregador na Vila Clara, que foi lançado de uma ponte por um policial.

A Negação das Autoridades

Diante de tamanha gravidade, as autoridades têm tentado minimizar os episódios através de justificativas que rotulam a violência como incidentes isolados. O coronel Cássio Araújo de Freitas, comandante-geral da PM-SP, chegou a descrever a ação de um policial que arremessou um motoentregador como "infantil", revelando uma desconexão alarmante entre o discurso e a realidade enfrentada pela população.

Paralelos com a Violência no Rio de Janeiro

A escalada da brutalidade policial sob a gestão de Tarcísio e Derrite apresenta semelhanças inquietantes com os tempos de Wilson Witzel no Rio de Janeiro. Durante o governo Witzel, as operações policiais levaram a um recorde de mortes, com um recorde histórico de 1.824 homicídios em 2019. O assassinato de jovens como João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, durante operações policiais, gerou clamor social e levou a uma ação conjunta de organizações que pressionaram o Supremo Tribunal Federal a intervir. O STF, em resposta, limitou operações policiais durante a pandemia e exigiu a elaboração de um plano para reduzir a letalidade através de protocolos mais rigorosos.

A Necessidade de Ação Curbadora

Diante da gravidade da situação em São Paulo e do risco de que práticas abusivas possam se espalhar para outras regiões do Brasil, é vital que as autoridades revejam suas políticas de segurança. Recomendações de especialistas incluem a implementação de câmeras corporais em fardas, a necessidade de supervisão externa das atividades da polícia e um compromisso real com a educação e treinamento dos agentes de segurança em direitos humanos.

O uso de câmeras corporais, que São Paulo já utilizou de forma pioneira, demonstrou uma redução significativa nas mortes causadas por intervenções policiais. Em batalhões onde a tecnologia foi adotada, a letalidade caiu em até dois terços.

O Impacto das Políticas de Segurança no Brasil

A política de segurança implementada por Tarcísio e Derrite não apenas afeta os moradores de São Paulo, mas também serve de exemplo para outras regiões do Brasil. As táticas de repressão e a letalidade nas operações policiais se tornam um modelo a ser seguido, potencialmente levando a um ciclo de violência e impunidade que poderá se alastrar por todo o país.

Considerações Finais

A brutalidade da política de segurança de Tarcísio e Derrite exige uma resposta firme e decidida da sociedade, das instituições e dos órgãos reguladores. É fundamental que se estabeleçam mecanismos de controle e accountability que garantam os direitos humanos e a proteção da população, especialmente das comunidades mais vulneráveis.

Se a letalidade policial em São Paulo não for contida, outras áreas do Brasil poderão seguir por um caminho sombrio, marcado pela dor e a perda de vidas inocentes. A luta contra essa realidade deve ser de todos os cidadãos, que não podem permitir que a violência se torne a norma em nosso país. A segurança deve ser um direito de todos, e não um instrumento de opressão.

Imagem retirada de um site com licença de uso gratuito.

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