Crise de imagem da Havaianas afeta mercado e derruba ações da Alpargatas

Crise de imagem da Havaianas afeta mercado e derruba ações da Alpargatas

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Polêmica envolvendo campanha da Havaianas provoca boicote, queda nas ações da Alpargatas e levanta debate sobre risco político nas marcas.

A Alpargatas, controladora da marca Havaianas, enfrenta um dos momentos mais delicados de sua história recente após uma campanha publicitária se transformar em um debate político nacional. A repercussão negativa provocou uma onda de boicote nas redes sociais, impactou diretamente o mercado financeiro e resultou em uma queda expressiva no valor de mercado da companhia.

O episódio reacende uma discussão cada vez mais frequente no mundo corporativo: até que ponto marcas devem se posicionar ou correr o risco de serem interpretadas politicamente?

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Campanha publicitária vira foco de controvérsia

O estopim da crise foi um comercial de fim de ano da Havaianas, estrelado pela atriz Fernanda Torres. A peça publicitária traz uma mensagem motivacional, sugerindo que as pessoas não devem “começar o ano com o pé direito”, mas sim “com os dois pés”, em alusão à iniciativa e atitude diante da vida.

Apesar do tom simbólico, a campanha foi interpretada por setores conservadores como um recado político indireto, o que rapidamente levou a uma reação organizada nas redes sociais. Influenciadores e figuras públicas passaram a incentivar um boicote à marca, acusando a empresa de adotar um viés ideológico.

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Reação imediata do mercado financeiro

A controvérsia saiu do ambiente digital e chegou rapidamente à Bolsa de Valores. As ações preferenciais da Alpargatas (ALPA4) registraram queda relevante ao longo do pregão, refletindo a cautela dos investidores diante do desgaste da marca.

Segundo estimativas do mercado, a empresa perdeu cerca de R$ 161 milhões em valor de mercado, podendo ultrapassar esse montante dependendo do recorte analisado. A movimentação reforça como crises reputacionais podem gerar efeitos financeiros quase imediatos, especialmente em companhias de capital aberto.

Analistas avaliam que, embora a queda não comprometa a estrutura financeira da empresa no curto prazo, o episódio acende um alerta importante sobre volatilidade associada a risco de imagem.

Boicote digital e polarização do consumo

O caso da Havaianas evidencia um fenômeno cada vez mais comum: o consumidor politizado. Em um ambiente de alta polarização, marcas passaram a ser analisadas não apenas por seus produtos, mas também por supostas posições ideológicas.

Nas redes sociais, o movimento de boicote foi acompanhado por uma reação oposta. Usuários passaram a defender a marca, ironizar a controvérsia e até estimular compras como forma de protesto contra o boicote. O resultado foi um ambiente digital altamente polarizado, que ampliou ainda mais a visibilidade do caso.

Marketing, risco político e cálculo estratégico

Especialistas em comunicação e branding apontam que o episódio pode ser classificado como um erro de cálculo estratégico — não necessariamente pela mensagem da campanha, mas pela subestimação do contexto político atual.

Marcas com alcance nacional e internacional, como a Havaianas, costumam operar com comunicação neutra justamente para evitar esse tipo de desgaste. Quando a narrativa foge dessa zona segura, o risco de interpretação política aumenta significativamente.

Para empresas listadas em bolsa, o problema se agrava: qualquer ruído pode afetar confiança do investidor, percepção de risco e desempenho das ações.

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Portanto, a crise envolvendo a Havaianas mostra que, em tempos de polarização, nenhuma grande marca está imune ao risco político, mesmo quando a intenção original da comunicação não é ideológica. A queda nas ações da Alpargatas reforça que decisões de marketing podem ultrapassar o campo simbólico e gerar efeitos concretos no mercado financeiro.

Para o investidor e para o setor corporativo, o episódio serve como alerta: imagem também é ativo e pode custar caro quando mal administrada.

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