Descoberta de estrutura gigante sob o Triângulo das Bermudas reaviva mistérios geológicos
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Cientistas descobrem camada de rocha inédita de 20 km sob Bermudas, que pode explicar por que ilha não afundou e reabre debate geológico.
Uma descoberta científica recente pode ter lançado nova luz sobre um enigma que intrigou pesquisadores por décadas: o motivo pelo qual o arquipélago de Bermudas, no Atlântico Norte, permanece elevado apesar de sua atividade vulcânica ter cessado há mais de 30 milhões de anos. Pesquisadores identificaram uma estrutura geológica gigantesca e inédita sob a ilha, localizada em uma região popularmente associada ao chamado Triângulo das Bermudas — um triângulo imaginário entre Bermudas, Flórida (EUA) e Porto Rico, famoso em lendas sobre sumiços misteriosos de navios e aeronaves.
O estudo foi publicado recentemente na revista científica Geophysical Research Letters, e utilizou dados sísmicos de centenas de terremotos distantes para mapear as camadas profundas do interior terrestre abaixo das ilhas. Essa técnica permitiu aos cientistas “ver” até cerca de 50 km abaixo da superfície, identificando uma formação que não se encaixa nos modelos clássicos da geologia oceânica.

O que Encontraram
Os pesquisadores descobriram uma camada de rocha com aproximadamente 20 quilômetros de espessura, posicionada entre a crosta oceânica e o manto terrestre, uma configuração única no planeta e que não é observada em outras ilhas oceânicas semelhantes.
Normalmente, a sequência geológica embaixo do fundo do mar segue um padrão mais simples: a crosta oceânica repousa diretamente sobre o manto, sem grandes camadas intermediárias. Mas sob Bermudas, os cientistas viram essa formação anômala, que é mais espessa e menos densa do que o material à sua volta.
Essa estrutura atua, na visão dos pesquisadores, como uma espécie de “balão geológico”: por ser menos densa, ela contribui para que a crosta que está acima permaneça elevada em relação ao fundo do oceano, mesmo sem vulcanismo ativo há milhões de anos.

Como a descoberta explica um mistério antigo
Bermudas é uma ilha formada por antigas erupções vulcânicas. Em ilhas vulcânicas comuns, quando a fonte de calor profundo (o chamado hotspot) se afasta, o terreno geralmente relaxa e afunda gradualmente com o tempo. No entanto, Bermudas não apresenta sinais de vulcões ativos há cerca de 31 milhões de anos, e, paradoxalmente, permanece elevada acima do leito oceânico.
A nova camada descoberta pode ser uma peça chave para explicar esse fenômeno: ela age como um “suporte natural” que impede que o solo oceânico ceda, mesmo depois que a atividade vulcânica terminou. Essa explicação sugere que não foi necessário um “ponto quente vulcânico” para manter a ilha erguida, como se acreditava anteriormente — e que o Triângulo das Bermudas pode ter uma explicação muito mais geológica do que sobrenatural.
Como a estrutura foi “vista” sem perfuração
Os cientistas não perfuraram o fundo do mar para encontrar a camada. Em vez disso, eles utilizaram ondas sísmicas geradas por terremotos distantes — que atravessam a Terra e mudam de velocidade ao passar por diferentes tipos de rocha para montar uma espécie de “radiografia” subterrânea da região.
Estes sinais foram captados por redes de monitoramento e analisados com sofisticados algoritmos que conseguem identificar mudanças sutis no comportamento das ondas de energia, permitindo modelar a estrutura interna da Terra até dezenas de quilômetros de profundidade.
A descoberta não apenas ajuda a explicar um mistério de longa data sobre o comportamento de Bermudas, como também desafia o entendimento tradicional de como ilhas oceânicas evoluem após o fim da atividade vulcânica. Anomalias como essa podem revelar processos geodinâmicos mais complexos do que se pensava, e levar a novas teorias sobre a formação e sustentação de terrenos oceânicos.
Pesquisadores estão agora de olho em outras ilhas ao redor do mundo para verificar se formações semelhantes existem e se Bermudas é realmente única ou apenas o melhor exemplo conhecido até agora de um fenômeno que pode estar presente em outros cantos dos oceanos.
Apesar de todo o fascínio popular envolvendo histórias de navios e aviões que desapareceram na região, os cientistas não atribuem esses episódios à nova estrutura geológica. As explicações para acidentes no local costumam envolver fatores naturais como tempestades tropicais intensas, correntes marítimas fortes e erros humanos, e não fenômenos paranormais ou “portais misteriosos”.
O que a nova descoberta faz é mostrar que o verdadeiro mistério do Triângulo pode estar debaixo dos nossos pés, e não em lendas marítimas, uma camada de rocha nunca antes vista que pode reescrever parte do entendimento geológico sobre ilhas oceânicas e a dinâmica da crosta terrestre.
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