Dezembro Vermelho: Acolhimento e Direitos na Luta Contra o HIV
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Aids: Perspectivas Futuras e Avanços no Combate ao HIV
A possibilidade de um futuro sem a Aids como ameaça à saúde pública está mais próxima do que nunca. Segundo um novo relatório da UNAids, publicado no dia 26 de setembro, a erradicação da epidemia de HIV/AIDS é uma meta viável até 2030, desde que os direitos humanos de todas as pessoas infectadas e aquelas em grupos de risco sejam respeitados e protegidos.
Cenário Atual da Aids
É importante lembrar que, apesar das promissoras perspectivas, muito ainda precisa ser feito. Em uma análise do panorama atual, cerca de 39,9 milhões de pessoas vivem com HIV em todo o mundo, e aproximadamente 23% dessas não têm acesso ao tratamento antirretroviral. Esses medicamentos são cruciais não só para evitar a manifestação da doença, mas também para impedir a transmissão do vírus.
Dados alarmantes do relatório de 2023 indicam que 630 mil pessoas morreram de doenças relacionadas à Aids e 1,3 milhão testaram positivo para o HIV. Além disso, em 28 países, o número de novas infecções está aumentando, apontando para a necessidade urgente de ações corretivas e educativas.
O Caso do Brasil
Embora o desafio seja global, modelos de sucesso já estão sendo exemplificados. No Brasil, o país conseguiu alcançar, com dois anos de antecedência, duas das três metas estabelecidas pela ONU para eliminar a Aids como um problema de saúde pública:
- Diagnóstico: 96% das pessoas vivendo com HIV estão diagnosticadas.
- Tratamento: 82% dessas pessoas estão em tratamento antirretroviral.
- Supressão Viral: Atualmente, 95% das pessoas em tratamento alcançaram supressão viral.
Estes resultados notáveis foram possíveis graças ao empenho do Ministério da Saúde, que começou a atuar ativamente para promover o diagnóstico e tratamento.
Novas Campanhas de Conscientização
Recentemente, o Ministério da Saúde lançou a campanha "HIV. É sobre viver, conviver e respeitar. Teste e trate. Previna-se.”, uma iniciativa que reflete uma mudança significativa de abordagem em comparação ao passado. Em vez de focar no medo e no estigma, a campanha promove o acolhimento e a conscientização.
Um ponto central da campanha é a divulgação de que “i é igual a zero”, que significa que quando o HIV é indetectável, não há risco de transmissão. Essa mensagem é vital para reduzir o estigma e aumentar a adesão ao tratamento.
A Importância do Acolhimento
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, enfatizou a importância do acolhimento nas políticas públicas. O médico infectologista Unaí Tupinambás ressalta que o estigma e preconceito enfrentados por pessoas vivendo com HIV são, muitas vezes, os principais obstáculos na adesão ao tratamento. O acolhimento não só melhora a saúde física e mental das pessoas, mas também é fundamental para manter as taxas de adesão aos tratamentos.
Tupinambás também aponta que a educação desde a infância é fundamental para combater o estigma associado ao HIV. O Programa Saúde na Escola é um bom exemplo de como as Unidades Básicas de Saúde podem trabalhar em colaboração com as escolas para promover informações corretas sobre a Aids e suas formas de prevenção.
Políticas Públicas e Investimentos Necessários
Para que os avanços observados no Brasil sejam sustentáveis, serão necessários investimentos contínuos em políticas públicas. É importante garantir que as Unidades de Saúde estejam equipadas e preparadas para oferecer um tratamento eficaz a todas as pessoas vivendo com HIV, eliminando barreiras de acesso.
O “Mandala da Prevenção”
Para assegurar a prevenção de novas infecções por HIV, a abordagem denominada “Mandala da Prevenção” ou “Prevenção Combinada” é uma estratégia destacada pelos especialistas. Essa abordagem envolve a utilização de diferentes métodos de prevenção, como:
- Uso de preservativos: O uso de preservativos continua sendo uma das formas mais eficazes de prevenção.
- Profilaxia Pré-Exposição (PrEP): Indicada para pessoas em grupos de risco, a PrEP pode ser administrada diariamente ou sob demanda, proporcionando uma proteção significativa contra a infecção.
- Profilaxia Pós-Exposição (PEP): Esta estratégia é utilizada após uma possível exposição ao vírus, como em casos de violência sexual ou de rompimento do preservativo.
Graças à expansão da PrEP e à realização de testes, muitos mais indivíduos com HIV positivo estão sendo diagnosticados e tratados.
Depoimento: A Experiência de um Usuário da PrEP
Söstenes Reis, um usuário da PrEP, compartilhou sua experiência ao longo do tratamento. Ele ressalta a importância do acompanhamento médico e do monitoramento regular durante o uso da profilaxia, destacando os benefícios relacionados à sua saúde física e psicológica. Reis explica como pôde se sentir seguro ao retomar sua vida sexual após a adesão à PrEP, além de ter acesso a autotestes que permitem um autoconhecimento contínuo sobre sua saúde.
Reis também abordou a crença comum de que apenas homens gays são afetados pelo HIV, ressaltando a importância de desmistificar esse estigma e promover a educação adequada sobre a infecção para todas as populações. Ele destaca a necessidade de garantir que a PrEP e outras políticas de saúde cheguem a todas as camadas sociais, especialmente as classes C, D e E.
Conclusão
Embora os avanços no combate à Aids e à infecção pelo HIV sejam significativos, ainda há um longo caminho pela frente. É crucial que as campanhas de conscientização, a pesquisa médica e as políticas públicas continuem a evoluir para garantir que todos tenham acesso ao tratamento e à prevenção. O respeito pelos direitos humanos e a educação são elementos-chave para construir um futuro onde o HIV não seja mais uma ameaça à saúde pública.
Com um enfoque no acolhimento, na informação e no suporte adequado, é possível transformar a realidade dessas pessoas e avançar em direção a uma sociedade mais justa e saudável. A luta contra o HIV/AIDS continua, mas com esperança e compromisso, a erradicação da doença pode ser um objetivo alcançável.

Imagem retirada de site com licença de uso gratuito.
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