Falhas no domo de Chernobyl Reacendem temor de nova crise nuclear na Europa
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ONU alerta que o domo de Chernobyl perdeu capacidade de conter radiação, reacendendo preocupações ambientais e de segurança na Europa.
Domo de Chernobyl perde eficácia e gera alerta internacional
Quase quatro décadas após o pior desastre nuclear da história, Chernobyl volta ao centro das atenções globais. A Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), ligada à ONU, confirmou que o domo de proteção construído sobre o reator 4 da antiga usina perdeu parte de sua capacidade de conter material radioativo, levantando preocupações sobre riscos ambientais e de segurança.
A estrutura, oficialmente chamada de Novo Confinamento Seguro, foi inaugurada em 2019 após anos de obras financiadas por um consórcio internacional. Seu objetivo era isolar os resíduos nucleares deixados pela explosão de 1986 por pelo menos cem anos. No entanto, inspeções recentes apontaram danos que comprometem funções essenciais de vedação e isolamento.
Segundo a IAEA, o problema se agravou após um ataque com drone ocorrido durante o conflito entre Rússia e Ucrânia. O impacto atingiu áreas externas do domo, provocando fissuras e falhas que impedem o confinamento completo de partículas radioativas em caso de degradação interna da estrutura original.

Não há vazamento imediato, mas o risco existe
As autoridades enfatizam que não foi detectado aumento nos níveis de radiação no ambiente, o que afasta, por ora, a possibilidade de um desastre imediato. Ainda assim, especialistas alertam que a função principal da estrutura era justamente prevenir riscos futuros — e não apenas responder a emergências.
Com o domo danificado, aumenta a possibilidade de infiltração de umidade, corrosão de materiais internos e liberação gradual de resíduos radioativos ao longo dos próximos anos. Isso transforma a situação em uma ameaça de médio e longo prazo, especialmente se reparos estruturais não forem realizados rapidamente.
A IAEA afirmou que somente intervenções completas e complexas poderão restaurar plenamente as funções originais da estrutura, descartando soluções provisórias como suficientes.

Impactos vão além da Ucrânia
Apesar de Chernobyl estar localizada no norte da Ucrânia, os efeitos de um eventual problema nuclear não se limitariam ao país. Dependendo das condições climáticas e dos ventos, partículas radioativas poderiam atingir outras regiões da Europa, repetindo (ainda que em menor escala) o impacto transfronteiriço observado após o acidente de 1986.
Esse cenário reacende discussões sobre a segurança de instalações nucleares em zonas de conflito armado. Organismos internacionais defendem que usinas e estruturas nucleares devam ser tratadas como áreas neutras, protegidas de ações militares, justamente para evitar catástrofes ambientais globais.

Reparos enfrentam desafios técnicos e políticos
A restauração do domo de Chernobyl não é simples. A área apresenta alto nível de contaminação, o que dificulta o trabalho humano direto e exige o uso de robôs e tecnologias especializadas. Além disso, o custo do reparo deve atingir bilhões de dólares, dependendo da extensão dos danos.
Outro obstáculo é o contexto geopolítico. Com a guerra ainda em andamento, garantir segurança para equipes técnicas e financiamento internacional se tornou um desafio adicional. Instituições europeias e bancos multilaterais já discutem formas de viabilizar os recursos necessários.
🧠 Chernobyl como símbolo de alerta permanente
Mais do que um problema técnico, a situação atual de Chernobyl serve como símbolo de um risco maior: o cruzamento entre energia nuclear, infraestrutura envelhecida e conflitos armados. Especialistas alertam que situações semelhantes podem ocorrer em outras instalações nucleares espalhadas pelo mundo.
A ONU reforçou o apelo para que governos priorizem a proteção de áreas nucleares e mantenham cooperação internacional ativa, independentemente de disputas políticas.
Portanto, a perda da capacidade de contenção do domo de Chernobyl não representa um desastre iminente, mas é um sinal claro de alerta. O episódio mostra que, mesmo após décadas de investimentos e avanços tecnológicos, os efeitos do acidente de 1986 ainda exigem vigilância constante.
Para o mundo, fica a lição de que segurança nuclear é um compromisso contínuo e que negligência, guerra ou atrasos em reparos podem transformar tragédias do passado em ameaças do presente.
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