Fenaban propõe reajuste insuficiente; bancários exigem aumento real

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Fenaban e a Negociação dos Bancários: Uma Questão de Justiça e Equidade
Na recente décima rodada de negociações entre a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e os representantes dos trabalhadores bancários, a situação se mostrou alarmante. As propostas apresentadas pela Fenaban evidenciam uma queda acentuada na valorização dos salários e na real necessidade de um aumento que não só repouse a inflação, mas que também ofereça um ganho real aos trabalhadores.
Propostas Banalizadas: O Que Está em Jogo?
Os primeiros termos oferecidos pela Fenaban foram decepcionantes. A proposta inicial limitava-se a 90% da inflação, o que, ao ser analisado com a previsão de 3,91% para o INPC, resultaria em uma perda de 0,38% nos salários dos trabalhadores.
E como se não bastasse, a situação se deteriorou ainda mais com a sugestão de que esses 90% do INPC somente seriam implementados em janeiro de 2025. Posteriormente, a Fenaban chegou a sugerir a reposição integral da inflação, mas sob as mesmas condições: um reajuste que só seria acessível em um futuro distante. Tais propostas foram prontamente rejeitadas pelo Comando, que reafirmou a exigência de um aumento real e justo.
Um Impacto Bilionário em Jogo
A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro, destacou o impacto bilionário que essas propostas significariam para os trabalhadores, calculando uma perda total de aproximadamente R$ 1,2 bilhão. Essa quantia engloba não apenas os salários, mas também a segunda parcela do 13º, vale alimentação, vale refeição e a antecipação da Participação nos Lucros e Resultados (PLR).
Excelsa Remuneração para Executivos
Em meio a essa insatisfação, um estudo da Vila Nova Partners, divulgado pelo Valor, revelou uma disparidade chocante: o setor financeiro ofereceu remunerações anuais que ultrapassam R$ 67 milhões para seus executivos, evidenciando um contraste gritante com a realidade dos trabalhadores que sustentam esses lucros.
Justificativas da Fenaban: Uma Análise Crítica
A Fenaban tem buscado justificar suas propostas através de argumentos que, à primeira vista, podem parecer válidos. No entanto, ao serem confrontadas com dados concretos, essas alegações se desfazem.
Disfarce de Dificuldades
Entre as justificativas apresentadas, a Fenaban citou os altos custos com pessoal como a principal razão para a suposta dificuldade em oferecer aumentos justos aos trabalhadores. Afirmam também que as pressões competitivas no setor têm impacto negativo na capacidade de investimento e valorização salarial.
Dados que Contradizem as Alegações
Contrapondo essa narrativa, o Comando dos Bancários apresentou dados que mostram que, embora as despesas com pessoal nos bancos sejam superiores às de cooperativas e instituições de pagamento, as receitas bancárias continuam sendo desproporcionalmente mais altas. De acordo com dados do primeiro trimestre de 2024, os bancos possuem receitas que são 15 vezes maiores que as das cooperativas e 123 vezes maiores que as das instituições de pagamento.
Essa discrepância levanta questões cruciais sobre a verdadeira natureza das dificuldades enfrentadas pelos bancos e se estas realmente justificam a proposta rebaixada que foi colocada sobre a mesa.
Reações e Mobilização dos Trabalhadores
Diante da insatisfação e das condições de negociação, o Comando dos Bancários convocou um Dia Nacional de Luta para a próxima quarta-feira, 28, e uma assembleia para o dia 4 de setembro. A mobilização é vista como uma ferramenta essencial para expressar a indignação dos trabalhadores frente a propostas que os desvalorizam.
A Importância da Participação
Neiva Ribeiro reforçou a importância de todos os trabalhadores se unirem nessa luta. Uma plenária está agendada para esta quinta-feira, onde serão discutidas as estratégias de mobilização e manifestação diante da Fenaban.
Além disso, uma nova rodada de negociação ocorrerá na quarta-feira, às 10h, onde os trabalhadores esperam que a Fenaban traga uma proposta que reflita as necessidades reais dos bancários, incluindo um aumento real que compense as perdas acumuladas.
Histórica das Mesas de Negociação
Ao longo das rodadas anteriores, diferentes tópicos foram abordados:
- 1ª Mesa: Discussão sobre a manutenção de empregos.
- 2ª Mesa: Enfoque em cláusulas sociais, especialmente sobre teletrabalho e jornadas de trabalho reduzidas.
- 3ª Mesa: Igualdade de oportunidades no ambiente de trabalho.
- 4ª Mesa: Inclusão de pessoas com deficiência, neurodiversidade e segurança no ambiente bancário.
- 5ª Mesa: Saúde e condições de trabalho, destacando a necessidade de um ambiente saudável e seguro.
- 6ª e 7ª Mesas: Início das discussões sobre cláusulas econômicas, onde a Fenaban começou a apresentar suas propostas.
- 8ª Mesa: Propostas que incluíam retiradas de direitos.
- 9ª Mesa: Propostas que não alcançavam nem mesmo a reposição da inflação.
A Continuidade da Luta
A luta dos trabalhadores bancários em busca de condições justas vai além do meramente financeiro. É sobre dignidade, respeito e reconhecimento do papel essencial que desempenham na economia brasileira.
O Papel dos Bancários na Economia
Os trabalhadores bancários têm um papel indiscutível na estrutura econômica do país. Com o crescimento do número de bilionários e o lucro exorbitante acumulado pelos bancos — que chegou a R$ 145 bilhões em 2023 — é imperativo questionar a justiça das propostas apresentadas pela Fenaban.
O Caminho Adiante
À medida que a luta avança, a mobilização dos trabalhadores bancários será crucial. A pressão sobre a Fenaban deve ser contínua, com a busca não apenas por um aumento salarial, mas também por condições de trabalho dignas, valorização do profissional e segurança no emprego.
Conclusão: Um Futuro Justo para os Bancários
A atual rodada de negociações emergiu como uma luta central para a valorização dos trabalhadores e o reconhecimento de suas contribuições na sociedade. O que está em jogo não é apenas a questão salarial, mas a dignidade de uma classe que sustenta um dos setores mais lucrativos do Brasil.
A história da luta dos bancários é uma história de resistência, organização e solidariedade. E, ao final, espera-se que essa luta trazê não apenas conquistas financeiras, mas também um maior reconhecimento do papel que os trabalhadores exercem na economia como um todo.
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