Geradores de Porto Alegre falham em casas de bombas durante temporal

Temporal em Porto Alegre: Impactos e Desafios para a Infraestrutura
Imagem: Ponto alagado na Rua Voluntários da Pátria, no primeiro dia do ano. Créditos: Letícia Mendes/Agência RBS
O recente temporal que atingiu Porto Alegre trouxe à tona questões urgentes sobre a infraestrutura de drenagem e abastecimento de água da cidade. O evento, que ocorreu no primeiro dia do ano, deixou várias áreas alagadas e expôs falhas nos sistemas de bombeamento, que não foram capazes de responder à quantidade de água que caiu em um curto espaço de tempo. Com a cidade enfrentando uma forte chuva que somou mais da metade da média esperada para janeiro, o impacto sobre a população e a estrutura pública é motivo de preocupação e necessidade de avaliações e correções rápidas.
Contexto da Chuva em Porto Alegre
De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), as chuvas em Porto Alegre acumuladas durante o temporal alcançaram 88 milímetros, o que representa 63,3% da média esperada para todo o mês de janeiro, que é de 144 milímetros. Este volume significativo em apenas 24 horas evidenciou as vulnerabilidades do sistema de drenagem urbana da capital gaúcha.
Problemas com o Sistema de Bombeamento
Acionamento Manual de Geradores
Bruno Vanuzzi, que assumirá a direção do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), relatou que durante o temporal não houve acionamento de geradores em todas as casas de bombas da cidade. A falta de automação dos equipamentos implicou que a ativação fosse realizada manualmente, o que não ocorreu em todas as estações de bombeamento. Segundo ele, essa falha impactou 10 das 23 casas de bomba da cidade, com duas delas ainda fora de operação devido à falta de alimentação elétrica.
Insuficiência na Estrutura de Geradores
Além da falha no acionamento, Vanuzzi informou que sete das casas de bombas afetadas pela falta de energia contavam com geradores alugados pelo Dmae. Entretanto, houve problemas operacionais relacionados à orientação sobre o funcionamento dos diferentes modelos de geradores utilizados. A diversidade de fabricantes e capacidades dos equipamentos dificultou o manejo e a eficácia dos mesmos em situações de emergência.
Falta de Quadros de Transferência Automática (QTA)
Outro ponto levantado foi a ausência de quadros de transferência automática (QTAs), que são essenciais para garantir a continuidade da operação em casos de falta de energia. Com os QTAs, seria possível uma troca automática para o gerador, evitando a necessidade de intervenção manual. A instalação de 22 QTAs foi programada para ter início em 6 de janeiro e deverá ser concluída em uma semana.
Desafios Enfrentados pelo Município
Depoimentos da Administração Municipal
Durante uma visita do programa Mais Comunidade, o prefeito Sebastião Melo comentou sobre a situação da falta de água em pontos da cidade após o temporal. Ele destacou que os geradores, embora presentes, são insuficientes para suportar a carga de todas as bombas em operação, o que se traduziu em questões operacionais em diversas casas de bombeamento. O prefeito mencionou que, mesmo com o gerador funcionando, isso não garantia que as bombas também estivessem operando adequadamente.
Impacto na Drenagem Urbana
A falta de luz e as falhas nos sistemas de bombeamento afetaram diretamente as estações de drenagem urbana, como Ebap 2, localizada no 4º Distrito, e Ebap 17, no Centro Histórico. A ineficiência na evacuação das águas pluviais resultou em alagamentos significativos em várias áreas da cidade, ressaltando a necessidade de uma revisão minuciosa das infraestruturas urbanas.
Soluções e Melhorias Futuras
Investimentos em Automação e Planejamento
A experiência negativa do temporal aponta para a urgência de investimentos na automação dos sistemas de bombeamento. O desenvolvimento de um plano que incline as casas de bombas a operar de maneira mais eficiente e integrada às novas tecnologias é essencial para a prevenção de crises futuras. A implementação de QTAs se destaca como uma prioridade para garantir a resiliência do sistema durante episódios climáticos adversos.
Conclusão
O último temporal em Porto Alegre expôs fragilidades críticas no sistema de drenagem e abastecimento de água. Com chuvas que superaram a média esperada, a cidade ainda precisa agir rapidamente para modernizar e otimizar suas estruturas. O comprometimento em direcionar recursos e esforços para a automação dos processos e a implementação de tecnologias adequadas se faz mais do que necessário para garantir um futuro mais seguro e resiliente para os habitantes da capital gaúcha. A colaboração entre as esferas públicas e a sociedade irá determinar a eficácia de quaisquer medidas que forem adotadas para enfrentar desafios climáticos similares no futuro.
Comentários ()