Greve de ônibus em SP termina após acordo, mas causa caos com recorde de trânsito
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Greve de ônibus em São Paulo acaba com acordo, mas causa recorde de congestionamento e problemas para milhões no transporte público.
Na tarde de terça-feira (9 de dezembro de 2025), motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo deflagraram uma greve pelo atraso no pagamento do 13º salário — benefício tradicionalmente pago no fim do ano. A paralisação começou por volta das 16h, com recolhimento gradual dos coletivos nas garagens.
Com isso, milhares de pessoas foram pegas de surpresa nos pontos de ônibus, terminais e avenidas, e o transporte coletivo da capital entrou em colapso por horas. A decisão gerou grande transtorno para quem dependia do sistema para voltar para casa ou trabalhar na noite.
Mais tarde, após reunião entre o prefeito Ricardo Nunes (MDB), representantes das empresas de ônibus e do sindicato dos trabalhadores, o acordo foi fechado — e a greve oficialmente encerrada por volta das 22h30.
Por que a Greve Aconteceu
O motivo da paralisação foi o adiamento — ou ameaça de adiamento — do pagamento do 13º salário e de benefícios como vale-refeição durante férias, itens que constavam na última campanha salarial da categoria. A alegação das empresas é de dificuldades financeiras; já o sindicato considerou a falta de garantia como violação dos direitos trabalhistas.
A decisão pegou de surpresa passageiros e autoridades. A Prefeitura, por meio da SPTrans, recusou-se a aceitar a paralisação sem aviso prévio e chegou a registrar boletim de ocorrência contra as empresas de ônibus, por considerá-la ilegal e descumprimento de contrato.
Trânsito recorde e caos urbano
A greve coincidiu com forte chuva na capital paulista, um combo explosivo para o trânsito. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-SP), por volta das 19h foram registrados 1.486 quilômetros de congestionamento, a maior marca do ano.
Metrô e trens metropolitanos ficaram lotados, aplicativos de transporte dispararam tarifas, e muitos passageiros alegaram gasto elevado para conseguir chegar em casa — ou o retorno simplesmente não foi possível.
O rodízio de veículos, que previa restrições a algumas placas no fim da tarde, foi suspenso pela Prefeitura como medida emergencial, diante do colapso no transporte coletivo.

O acordo e o retorno dos ônibus
No entendimento fechado na reunião da noite, as empresas assumiram o compromisso de pagar o 13º salário até o dia 12 de dezembro. Em troca, os motoristas concordaram em encerrar a greve. Quem não cumprir perderá a concessão de linhas da cidade, segundo avisou o prefeito Ricardo Nunes.
Com o fim da paralisação, a expectativa é de que o transporte coletivo volte ao normal ainda nesta quarta-feira (10), com retorno gradual das linhas afetadas — embora em muitos pontos a frota já tenha começado a rodar logo após o anúncio.
Lições e feridas de uma paralisação relâmpago
• Fragilidade do sistema de transporte
A greve escancarou a dependência de São Paulo de ônibus como principal meio de transporte coletivo. A retirada abrupta da frota gerou um stress instantâneo nas demais modalidades (metrô, trem, apps), mas provou que o sistema público não suporta paralisações sem causar caos imediato.
• Impacto sobre trabalhadores e população
Milhões foram afetados — com atrasos, superlotação, gastos extras e até risco de não conseguir voltar para casa. Em feriados ou dias comuns, eventos assim deixam vulneráveis os que não têm alternativas de mobilidade.
• Pressão por direitos trabalhistas
A luta por pagamentos trabalhistas justos e no prazo mostra que a categoria vive sob pressão crescente. O atraso de benefícios essenciais é um alerta quanto à saúde financeira de empresas de transporte e à gestão das concessões públicas.
• Responsabilização e regulação necessária
A Prefeitura assumiu uma postura firme — inclusive registrando queixa e ameaçando contratos. Isso demonstra que medidas de força passam a ser consideradas seriamente pelas autoridades, mas também evidencia a urgência de mecanismos mais eficazes de fiscalização do transporte público.
Pontos a serem observados
Com a normalização dos serviços, a atenção se volta para os próximos dias:
- Se o 13º salário será pago na data prometida (12 de dezembro)
- Se as empresas conseguirão manter cronograma e condições exigidas
- Se o sistema coletivo resistirá a novas tensões ou faltas de pagamento
- A forma como a Prefeitura e a SPTrans vão garantir fiscalização e qualidade
Para a população, o episódio serve de alerta: dependendo exclusivamente de um modal, a cidade fica vulnerável a greves e crises. A diversificação — via transporte público eficiente, uso de apps, bicicletas, etc. — volta a aparecer como alternativa estratégica.
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