Indígenas tupinambás celebram reencontro com manto sagrado no Rio

Indígenas tupinambás celebram reencontro com manto sagrado no Rio

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O Retorno do Manto Tupinambá: Um Marco Histórias e Cultural

A Conexão com o Passado:
A frase "Somos filhos, netos e bisnetos do sagrado manto tupinambá" ressoou fortemente nas calçadas do parque municipal Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, em um dia que prometia ser histórico para os povos indígenas do Brasil. Com quase 200 indígenas marchando ao som de maracás e batidas de pés, a apresentação do manto tupinambá no Museu Nacional do Rio de Janeiro se configurou como um momento de grande significado cultural e emocional.

A Chegada do Manto Tupinambá ao Brasil

Contexto Histórico

O manto em questão é uma peça que remonta a um período de profundas chagas na história indígena brasileira, sendo considerado um símbolo da resistência tupinambá. Sua história remete a 1644, quando foi levado à Europa por holandeses e, desde então, tem estado sob a custódia do Museu Nacional da Dinamarca. Agora, após 386 anos, a peça sagrada retorna ao Brasil, oferecendo uma oportunidade única para o povo tupinambá de se reconectar com suas raízes.

O Encontro no Museu Nacional

Na data que ficou marcada, os indígenas, que já estavam acampados no Circo Marcos Frota, realizaram uma marcha até o museu, onde puderam ver o manto pela primeira vez em sua forma original. A cacica Jamopoty Tupinambá teve a emoção de presenciar o objeto sagrado, relatando que a visualização do manto em pé trouxe uma onda de sentimentos ainda mais intensa, ao contrário de sua visão anterior de 2000, quando a peça estava deitada.

As Raízes Tupinambás

A Luta Indígena

A cacica Jamopoty relembrou o papel fundamental dos tupinambás na história do Brasil. O grupo foi um dos primeiros a ter contato com os colonizadores, enfrentando diversas violências e tentativas de dizimação. Ela enfatizou a importância da repatriação do manto como parte de um processo de reparação histórica e cultural.

A Visibilidade dos Povos Indígenas

Em um discurso emocional, a cacica declarou: "Nós, povo tupinambá, fomos considerados extintos, e hoje temos um manto de 386 anos que ficou na Dinamarca, preservado, para vir aqui mostrar ao mundo que estamos aqui, vivos." Essa afirmação reafirma a resiliência dos indígenas, que ainda buscam a demarcação de suas terras, essencial para a continuidade de sua cultura e ancestralidade.

O Impacto da Repatriação do Manto

As Etnias Presentes

O evento não envolveu apenas os tupinambás, mas também outras etnias, como os pataxó-hã-hã-hãe e os kariri, que se uniram em um protesto pela demarcação de terras durante os festejos do feriado de 7 de Setembro. Essa movimentação tem o objetivo de ressaltar a necessidade urgente de reconhecimento e respeito aos direitos territoriais dos povos indígenas.

Críticas aos Poderes Públicos

A coletiva de imprensa realizada pelos indígenas no acampamento revelou uma insatisfação com a condução das pautas indigenistas nos três Poderes. As lideranças indígenas destacaram a necessidade de uma escuta ativa e eficaz por parte do governo e a urgência na implementação de políticas que favoreçam a vida e a cultura indígena.

A Cerimônia de Celebração

Programação Cultural

Durante a programação que se estendeu até o dia 12 de setembro, diferentes rituais sagrados foram organizados, aproveitando a ocasião para fortalecer laços e relembrar a história indígena. A cerimônia oficial de celebração da chegada do manto contaria com a presença de autoridades e buscava estender uma reverência ao legado dos tupinambás e a todos os povos indígenas do Brasil.

Desafios na Repatriação

Embora o desejo de reverenciar o manto tenha sido forte, a repatriação não foi isenta de conflitos. A peça chegou ao Brasil em junho de forma sigilosa, sem a cerimônia planejada, o que gerou descontentamento entre as lideranças indígenas. A necessidade de cautela quanto à segurança do ato foi citada pela administração do museu e pelos responsáveis pela sua restauração.

Manutenção e Conservação do Manto

Processos de Conservação

Ana Luíza do Amaral, do laboratório de restauração e conservação do Museu Nacional, relatou sobre os cuidados envoltos no manto desde sua chegada ao Brasil. Questões como a estabilidade da temperatura e umidade são fundamentais para a preservação de uma peça que ficou por tanto tempo em um ambiente europeu, onde as condições climáticas são muito diferentes das do Brasil.

Exposição do Manto

Ainda que o visto público do manto tenha sido planejado para 2026, o museu se compromete a criar um protocolo especial que possibilite o acesso dos indígenas ao objeto sagrado em sessões exclusivas, promovendo assim uma aproximação ao seu repositório cultural.

A Importância do Manto Tupinambá

Significado Cultural

O manto, confeccionado majoritariamente com penas de guarás e outras plumas de aves nativas, é um símbolo de arte, identidade e ancestralidade do povo tupinambá. A chegada dessa peça ao Brasil representa não apenas um retorno físico, mas também um restabelecimento de conexões culturais e identitárias.

Outros Mantóry The Museum of Denmark

Embora o manto tupinambá tenha retornado, outras peças semelhantes permanecem na Europa. No Museu Nacional da Dinamarca, existem quatro mantos, enquanto outros estão distribuídos em museus de Florença, Basileia, Bruxelas, Paris e Milão, cada um trazendo consigo a herança e historia de diferentes tribos indígenas.


A vinda do manto tupinambá ao Brasil se configura como um capítulo significativo na resiliência cultural dos povos indígenas brasileiros, reafirmando a urgência de reconhecimento, respeito e valorização das suas histórias, culturas e direitos. O retorno do manto não é apenas um evento de celebração, mas sim um potente símbolo da luta contínua por justiça e reparação histórica.

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