Jaguar Land Rover pausa remessas para os EUA após nova tarifa de 25%

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A montadora britânica Jaguar Land Rover (JLR) anunciou neste sábado a suspensão temporária de todas as remessas de veículos para os Estados Unidos. A decisão foi tomada após a imposição de uma tarifa de 25% sobre a importação de carros estrangeiros, medida que entrou em vigor na quinta-feira (3), como parte de um novo pacote comercial implementado pelo presidente norte-americano Donald Trump.
Segundo a empresa, a pausa tem efeito imediato e vale ao longo de abril, enquanto a JLR trabalha para "resolver os novos termos comerciais" e reavaliar suas estratégias de médio e longo prazo no mercado americano.
“Estamos tomando algumas ações de curto prazo, incluindo a pausa nas remessas em abril, à medida que desenvolvemos nossos planos de médio a longo prazo”, informou a JLR em nota oficial.
EUA: mercado vital para a JLR
Os Estados Unidos representam o segundo maior destino das exportações da indústria automotiva britânica, atrás apenas da União Europeia. A Jaguar Land Rover, que tem sede em Coventry e unidades de produção em Solihull e Wolverhampton, destacou a importância do mercado americano para suas marcas de luxo.
De acordo com dados do Departamento de Comércio do Reino Unido, o setor automotivo foi responsável por £8,3 bilhões em exportações para os EUA nos 12 meses encerrados no terceiro trimestre de 2024. Isso faz dos veículos britânicos o principal bem exportado para os americanos.
Nova era de incertezas comerciais
A tarifa de 25% sobre automóveis importados é apenas a primeira etapa de uma política comercial mais agressiva implementada pela Casa Branca. A partir de maio, está prevista também a taxação de autopeças, o que pode impactar ainda mais as montadoras globais com operações nos EUA.
Além disso, um imposto adicional de 10% será aplicado a todas as outras importações vindas do Reino Unido, com alíquotas ainda maiores para produtos de outras grandes economias.
Os efeitos já começaram a ser sentidos. O FTSE 100, principal índice da Bolsa de Londres, sofreu queda de 4,9% na sexta-feira — a maior desde o início da pandemia em 2020. As bolsas da França e da Alemanha também registraram perdas expressivas.
Reação política: entre diplomacia e cautela
O primeiro-ministro britânico Sir Keir Starmer adotou uma postura diplomática, afirmando que o Reino Unido não pretende iniciar uma guerra comercial, mas que "nada está fora da mesa". Ele já iniciou conversas com líderes europeus, como o presidente francês Emmanuel Macron, para alinhar estratégias de resposta.
"Uma guerra comercial não é do interesse de ninguém", disse Downing Street, em nota oficial após o encontro virtual entre Starmer e Macron.
Ao mesmo tempo, o governo britânico avalia medidas de retaliação e discute com os Estados Unidos a possibilidade de um acordo comercial bilateral que possa suavizar ou até suspender as tarifas impostas.
O que esperar a seguir?
A pausa nas remessas da Jaguar Land Rover pode ser apenas o primeiro reflexo de uma escalada protecionista que tende a afetar outras montadoras e setores exportadores do Reino Unido.
Enquanto isso, investidores, fabricantes e consumidores observam atentos os próximos passos da diplomacia comercial entre Londres e Washington — e o impacto que essas medidas terão na economia global nos próximos meses.
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