Japão investe em robôs e IA diante de cenário preocupante de casos de demência
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Com população envelhecida e aumento de casos de demência, Japão usa robôs, IA e tecnologia para monitorar e cuidar de idosos. Saiba como funciona.
Com uma população cada vez mais envelhecida e o número de casos de demência em crescimento acelerado, o Japão enfrenta um desafio social e de saúde pública sem precedentes, e está recorrendo à tecnologia para tentar aliviar a pressão sobre famílias, profissionais de saúde e o sistema de cuidado de idosos.
Segundo dados recentes, mais de 18 mil idosos com demência desapareceram no último ano após deixar suas casas, e quase 500 foram encontrados mortos, um reflexo do rápido envelhecimento populacional e da dificuldade em monitorar pessoas com deficiências cognitivas.
Nesse contexto, o governo japonês e instituições públicas e privadas estão intensificando o uso de inteligência artificial (IA), robôs assistivos e sistemas de rastreamento por GPS para criar soluções que ajudem tanto na detecção precoce da doença quanto no cuidado cotidiano desses pacientes.

Por que a situação se agravou
O Japão é um dos países com maior percentual de idosos no mundo — cerca de 30% da população tem 65 anos ou mais — e a taxa de natalidade segue em queda há décadas.
Essa mudança demográfica tem consequências profundas:
- Aumento dos custos médicos e sociais relacionados à demência — estimados em 14 trilhões de ienes até 2030.
- Escassez de cuidadores profissionais e familiares capazes de acompanhar todos os casos.
- Crescimento de idosos que vivem sozinhos ou em áreas com poucos serviços de saúde.
Diante disso, a tecnologia se tornou uma das principais apostas para fortalecer a rede de apoio e ampliar a capacidade de diagnóstico e cuidado.

Tecnologias que estão sendo usadas no Japão
Detecção precoce com IA
Empresas como a japonesa Fujitsu desenvolveram sistemas baseados em IA capazes de analisar padrões de caminhada, postura e movimentos para detectar sinais precoces de demência, como dificuldade em se mexer ou mudanças na velocidade de locomoção — antes mesmo que os sintomas sejam evidentes. Esses dados são apresentados em forma de modelos que médicos podem revisar durante consultas rotineiras.
Rastreamento com GPS
Para reduzir o risco de idosos desaparecidos, muitas cidades japonesas distribuem etiquetas GPS ou pulseiras inteligentes que alertam automaticamente familiares e autoridades assim que a pessoa sai de uma área segura delimitada. Em algumas localidades, funcionários de lojas de conveniência recebem notificações em seus dispositivos para ajudar a localizar rapidamente essas pessoas, criando uma espécie de rede comunitária de apoio.
Robôs de assistência
Robôs equipados com IA estão sendo desenvolvidos e, em alguns casos, testados para ajudar em tarefas físicas e sociais que antes exigiam a presença humana. Projetos acadêmicos, como o robô humanoide AIREC da Universidade de Waseda, têm mostrado potencial para realizar tarefas de cuidado físico, como auxiliar na mudança de posição de um paciente, prevenir feridas por pressão ou até dobrar roupas.
Além de máquinas de grande porte, existem robôs sociais menores projetados para oferecer companhia e suporte emocional a idosos, lembrá-los de tomar medicamentos, revisar horários ou simplesmente interagir de forma básica, uma abordagem que pode reduzir a sensação de solidão e melhorar a qualidade de vida.
Por que a tecnologia não substitui os cuidadores humanos
Apesar do avanço tecnológico, especialistas deixam claro que essas ferramentas não substituem totalmente o papel dos cuidadores humanos. A interação emocional, a empatia e o suporte social que um cuidador ou familiar oferece são insubstituíveis, especialmente para pessoas com demência, que dependem de atenção constante e conexão humana.
O objetivo dos sistemas de IA e dos robôs é complementar o cuidado humano, assumindo tarefas repetitivas, monitoramento constante ou capacidades físicas que facilitam o trabalho dos profissionais e aliviam a carga sobre as famílias.
O Japão está na vanguarda da utilização de robôs e inteligência artificial para lidar com uma das maiores crises sociais do século — o aumento dramático de casos de demência em uma população envelhecida.
Combinando sistemas de detecção precoce, monitoramento por GPS e robôs assistivos, o país busca não apenas melhorar o cuidado aos idosos, mas também diminuir custos, ampliar a eficácia dos serviços de saúde e preservar a dignidade dos pacientes. Mas, mesmo com todo esse avanço, a tecnologia ainda caminha ao lado, e não à frente da empatia e do vínculo humano que permanecem essenciais no cuidado com quem sofre de demência.
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