Justiça de SP suspende PPP para construção de escolas estaduais

Justiça de SP suspende PPP para construção de escolas estaduais

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Suspensão do Leilão de Parceria Público-Privada para Construção de Escolas em São Paulo: Entenda os Detalhes

Na manhã desta quarta-feira, 30 de agosto, a Justiça de São Paulo tomou uma decisão que pode impactar significativamente o futuro da educação no estado ao suspender, em caráter liminar, o leilão relacionado à parceria público-privada (PPP) destinada à construção e manutenção de escolas estaduais. Este projeto, que tem a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), enfrenta agora um novo cenário jurídico que promete desdobramentos importantes.

O Leilão e seus Objetivos

Na terça-feira, 29 de agosto, o consórcio Novas Escolas Oeste SP, liderado pela empresa Engeform Engenharia Ltda, venceu o leilão ao oferecer um valor mensal de R$ 11,98 milhões, apresentando o menor lance na licitação. O projeto da PPP contemplava a construção de 17 novas escolas em um período de um ano e meio, abrangendo diversas localidades no estado, além de um compromisso de manutenção das unidades por 23 anos e meio, totalizando R$ 3,38 bilhões que seriam pagos pelo governo ao consórcio ao longo do contrato.

Embora o governo tenha afirmado que a segurança pedagógica das escolas não seria afetada, com o consórcio atuando apenas em áreas como limpeza e alimentação, o modelo da PPP suscitou preocupações e debates acalorados.

O Papel do Poder Judiciário

A suspensão do leilão foi determinada pelo juiz Luís Manuel Fonseca Pires, da 3ª Vara da Fazenda Pública, em resposta a uma ação civil pública proposta pela Apeoesp, sindicato que representa os professores do estado. A decisão liminar levantou uma série de pontos a serem considerados, começando pelo entendimento do juiz acerca da educação como um serviço público essencial, um dever constitucional do Estado.

Fundamentos da Decisão

Em sua sentença, o magistrado destacou que a educação é um direito social que deve ser garantido pelo Estado, conforme a Constituição Federal. O juiz argumenta que a gestão democrática da educação ultrapassa a atuação pedagógica, englobando a maneira como as instituições de ensino são administradas e vivenciadas. Assim, segundo o juiz, a transferência do gerenciamento das escolas públicas para a iniciativa privada por um período tão extenso comprometeria a efetividade do princípio constitucional da gestão democrática da educação pública.

Reações e Consequências

A decisão gerou reações imediatas. A deputada estadual Maria Izabel Noronha (PT), presidente da Apeoesp, celebrou a suspensão como um "primeiro passo", embora reconheça que o governo provavelmente recorrerá da decisão. Noronha expressou preocupações sobre a possibilidade de implementar um sistema misto nas escolas públicas e enfatizou que a educação deve ser responsabilidade do Estado.

Por outro lado, o governador Tarcísio de Freitas e o secretário de Educação, Renato Feder, defendem a parceria como uma oportunidade para melhorar a infraestrutura das escolas estaduais, que, segundo dados do governo, têm mais de 20 anos e enfrentam sérias necessidades de reforma e modernização.

Protestos e Mobilizações

O clima em torno do leilão também foi marcado por mobilizações. Na terça-feira, antes da realização do pregão, houve protestos na região central de São Paulo, com policiamento reforçado para impedir a entrada de manifestantes. Essa mobilização popular evidencia a polarização da discussão sobre o papel do setor privado na educação pública.

O Que Vem a Seguir?

Com a suspensão do leilão, resta saber quais serão os próximos passos do governo de São Paulo e de seus representantes. A ausência de notificação formal do governo sobre a decisão judicial impede, por enquanto, um posicionamento definitivo. No entanto, assim que a notificação chegar, o governo se comprometeu a analisar a situação e a adotar medidas cabíveis.

Novo Lote de Escolas

Adicionalmente, um segundo lote envolvendo a construção de outras 16 escolas está programado para ser leiloado na próxima segunda-feira, 4 de setembro. As novas unidades, que devem ser construídas em 29 municípios do interior do estado, atenderão um total estimado de 35,1 mil alunos. Assim, a construção e a gestão das instituições continuam sendo um ponto central na agenda da Secretaria de Parcerias e Investimentos (SPI).

Considerações Finais

A suspensão do leilão de PPP para a construção de escolas em São Paulo revela as complexidades envolvidas na gestão da educação pública no Brasil. Em um contexto onde a infraestrutura escolar é amplamente deficiente, a busca por parcerias com o setor privado é contestada tanto por especialistas quanto por movimentos sociais. A discussão sobre a melhor forma de atender à crescente demanda por educação de qualidade, respeitando os direitos dos estudantes e a responsabilidade do Estado, está longe de ser resolvida. A história deste leilão e suas consequências será um capítulo constante nas políticas educacionais do estado, refletindo as tensões entre administração pública e iniciativa privada.

Com a movimentação judicial e social em andamento, a sociedade e os atores envolvidos devem permanecer atentos, uma vez que cada passo dado a partir de agora poderá definir os rumos futuros da educação pública em São Paulo e, possivelmente, servir como um modelo ou advertência para outras regiões do Brasil.

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