Kataguiri propõe lei para vetar verba pública em shows

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Projeto de Lei Anti-Oruam: Um Olhar Aprofundado sobre a Proposta de Combate à Influência da Criminalidade na Cultura

O debate sobre a influência da cultura no comportamento social é um tema que gera muitas polêmicas, especialmente quando se trata de expressões artísticas que fazem apologia ao crime e ao uso de drogas. Recentemente, o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) protocolou um projeto de lei que visa proibir o incentivo ou a apologia ao consumo de drogas, ao crime organizado e à prática de condutas criminosas em eventos custeados ou incentivados pela Administração Pública. Conhecido como "projeto Anti-Oruam", a proposta tem gerado reações tanto a favor quanto contra.

O que é o projeto Anti-Oruam?

O projeto Anti-Oruam propõe uma alteração na Lei de Licitações, incluindo uma cláusula que proíbe a "expressão, veiculação ou disseminação, no decorrer da apresentação contratada, de apologia ou incentivo ao consumo de drogas, ao crime organizado ou à prática de condutas criminosas". Essa proposta busca estabelecer um controle mais rigoroso sobre as contratações públicas, especialmente aquelas que envolvem apresentações artísticas que possam influenciar negativamente a sociedade.

Objetivos do Projeto

Os principais objetivos do projeto são:

  1. Proteger os Valores Sociais: Busca proteger a juventude e a sociedade em geral de mensagens que glorificam o crime e o uso de drogas.
  2. Regular o Uso de Recursos Públicos: Assegurar que eventos financiados com dinheiro público não promovam mensagens prejudiciais.
  3. Combater a Cultura do Crime: Trabalhar na desconstrução de uma cultura que admira e glorifica criminosos, oferecendo uma alternativa mais saudável para a população.

A Repercussão do Projeto

Desde sua divulgação, em janeiro, o projeto gerou discussões acaloradas nas redes sociais. A vereadora Amanda Vettorazzo (União), que compartilhou o texto do projeto, utilizou o rapper Oruam como exemplo devido à sua ligação familiar com o crime organizado. O filho do traficante Marcinho VP, Oruam se tornou o foco de críticas e defesas diante da iniciativa legislativa.

Reação do Artista

O rapper Oruam se manifestou publicamente, expressando que a proposta não afeta apenas ele, mas toda a classe artística que se identifica com esse estilo musical. Em sua declaração, afirmou: "Virei pauta política, mas o que vocês não entendem é que a lei anti-Oruam não ataca só o Oruam, mas todos".

Implicações Legais do Projeto

Caso o projeto seja aprovado, as consequências para os artistas e eventos que desrespeitarem a nova legislação podem ser severas. A proposta estipula que, em caso de descumprimento, a multa será de, no mínimo, 100% do valor do contrato, além da declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública.

Assinaturas e Tramitação

O projeto já conta com a assinatura de 46 deputados e aguarda despacho do presidente da Câmara para iniciar a discussão nas comissões. Essa fase será crucial para entender as nuances e possíveis alterações que poderão ser feitas no texto antes de uma votação.

Contrapontos ao Projeto

Embora a intenção do projeto seja compreensível, há muitos críticos que questionam sua eficácia e validade. Vamos explorar algumas das principais críticas e preocupações.

Limitação da Liberdade de Expressão

Uma das maiores preocupações em torno do projeto é a possibilidade de limitação da liberdade de expressão. Artistas e defensores da cultura argumentam que a proibição de expressões artísticas pode silenciar vozes que, embora controversas, fazem parte do panorama cultural do Brasil.

Eficácia Questionável

Críticos do projeto também levantam a questão sobre a eficácia real de tais medidas. Acreditam que proibir a veiculação de certos conteúdos não resolve os problemas sociais que motivam o uso de drogas e a criminalidade. Em vez disso, seria mais produtivo implementar programas de conscientização e educação para jovens.

A Questão da Arte e da Responsabilidade Social

A discussão em torno do projeto Anti-Oruam também coloca em pauta o papel da arte e da música na sociedade. De um lado, há a argumentação de que a arte deve ser um reflexo da realidade, mesmo que essa realidade inclua aspectos negativos como o crime. Do outro lado, há a posição de que artistas têm uma responsabilidade social de criar uma narrativa mais positiva e construtiva.

O Papel do Funk e dos Artistas

O funk, um dos gêneros musicais mais populares no Brasil, frequentemente aborda temas polêmicos. Embora muitos artistas utilizem seu trabalho para expressar realidades sociais, outros acabam por glorificar a criminalidade. Essa dualidade torna a conversa sobre o projeto Anti-Oruam ainda mais complexa.

Relatos de Ameaças e Intimidações

O clima de tensão em torno da proposta afetou não apenas Oruam, mas também a vereadora Amanda Vettorazzo. Após compartilhar o texto do projeto, ela relatou ter recebido ameaças de fãs do rapper, o que a levou a registrar uma queixa formal. Em um depoimento, Amanda afirmou: "O combate à criminalidade vai muito além das ações diretas; é fundamental transformar o imaginário das nossas crianças e jovens".

Alternativas e Propostas Construtivas

Enquanto a proposta de Kim Kataguiri busca combater a influência negativa da criminalidade, outras abordagens podem ser mais eficazes e menos polarizadoras.

Educação e Conscientização

Programas educacionais que promovam a conscientização sobre os perigos do uso de drogas e da criminalidade podem ser uma resposta mais eficaz do que ações punitivas.

Incentivo à Produção Cultural Positiva

Uma alternativa é incentivar a produção de músicas e eventos que celebrem valores positivos e construtivos. Campanhas que promovam artistas que tratem de temas como inclusão, diversidade e solidariedade podem ajudar a criar um ambiente cultural mais saudável e inspirador.

Conclusão

O projeto de lei Anti-Oruam traz à tona questões complexas relacionadas à arte, criminalidade e a responsabilidade social de artistas e políticos. Enquanto a intenção de combater a apologia ao crime é válida, é essencial considerar que a solução passa pela educação e pela promoção de um diálogo aberto e construtivo. Para avançar, a sociedade precisa encontrar um equilíbrio entre a liberdade de expressão e a proteção dos valores sociais, promovendo uma cultura que favoreça um futuro mais positivo para todos.


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