OAB luta no Congresso para manter advogado em pensão alimentícia

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A Importância da Advocacia nas Ações de Pensão Alimentícia: O Debate Sobre a Dispensa de Advogado no STF

A discussão sobre a presença do advogado nas ações de pensão alimentícia ganhou novos contornos após uma recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que permitiu a dispensa do advogado na fase inicial desse tipo de processo. Essa mudança gerou reações significativas na comunidade jurídica e entre as entidades que representam os advogados, como o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB). Neste artigo, exploraremos as implicações dessa decisão, as iniciativas da OAB para reverter essa situação e a importância da advocacia na proteção dos direitos dos cidadãos.

O Contexto da Decisão do STF

No dia 16 de agosto de 2023, o STF decidiu, por maioria, que não é imprescindível a presença de um advogado na ação inicial que requer pensão alimentícia. O relator da ação, ministro Cristiano Zanin, justificou a decisão enfatizando que a dispensa visa a preservação da integridade do requerente, que muitas vezes se encontra em situações de vulnerabilidade e urgência.

Os Fundamentos da Decisão

O ministro Zanin argumentou que a etapa inicial do processo é uma fase preliminar, onde a urgência do pedido de pensão alimentícia pode justificar a não obrigatoriedade de um advogado. De acordo com seu entendimento, o juiz designará um advogado para o processo após a primeira audiência, garantindo assim que o direito à defesa seja efetivamente respeitado em etapas subsequentes.

Embora esse raciocínio busque atender à necessidade de rapidez em demanda de pensão alimentícia, ele também levanta questões sobre a efetividade da proteção dos direitos dos envolvidos ao abrir mão da presença de um profissional qualificado desde o início do processo.

A Reação da OAB

Em resposta à decisão do STF, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se mobilizou para apresentar um projeto de lei ao Congresso Nacional. A medida tem como objetivo resguardar a indispensabilidade da advocacia nas ações de alimentos, defendendo o direito à ampla defesa e à representação qualificada em todo o processo judicial.

A Indispensabilidade da Advocacia

O presidente da OAB, Beto Simonetti, destacou que a mudança proposta busca assegurar o que já está consagrado no artigo 133 da Constituição Brasileira, que estabelece a indispensabilidade do advogado na administração da Justiça. Essa disposição é fundamental para garantir que todos os cidadãos tenham uma representação adequada frente ao Estado, especialmente em assuntos tão delicados como a pensão alimentícia, que envolve questões de sobrevivência e dignidade.

O Parecer da Comissão de Direito da Família

Um parecer elaborado pela Comissão de Direito da Família da OAB reforça a importância da presença do advogado na mediação de conflitos e na proteção dos interesses das partes em ações de pensão alimentícia. Assinado pelas advogadas Ana Vládia Martins Feitosa e Marcela Signori Prado, o documento argumenta que a participação da advocacia é não apenas desejável, mas imprescindível para assegurar um julgamento justo e equânime.

Princípios Constitucionais em Jogo

A decisão do STF e a subsequente proposta da OAB levantam uma série de questões sobre princípios constitucionais fundamentais que devem ser respeitados em qualquer processo judicial. Os principais princípios destacados pelo CFOAB incluem:

Isonomia

A isonomia, ou igualdade perante a lei, é um princípio essencial que garante que todos os cidadãos sejam tratados de maneira justa e equitativa em suas demandas judiciais. A ausência de um advogado na fase inicial pode criar desigualdades entre as partes, especialmente quando uma delas possui mais conhecimento jurídico ou recursos para se defender.

Ampla Defesa e Contraditório

A ampla defesa e o contraditório são pilares do devido processo legal. A presença de um advogado garante que ambas as partes tenham a oportunidade de apresentar seus argumentos e evidências de forma adequada e que seus direitos sejam respeitados. Sem essa representação, pode haver um risco maior de decisões injustas e prejudiciais aos interesses das partes envolvidas.

Direito à Defesa Técnica

O direito à defesa técnica assegura que as partes tenham acesso a profissionais capacitados para conduzir suas defesas. A complexidade das questões de pensão alimentícia, que muitas vezes envolvem dados financeiros e sociais, torna ainda mais crítica a atuação de advogados qualificados.

A Lei nº 5.478/1968 e suas Implicações

A Lei nº 5.478/1968, que regulamenta a ação de pedido de pensão alimentícia, já previa a presença facultativa de advogado na audiência inicial. Essa legislação, que agora é contestada pela OAB, sugere que a falta de um advogado poderia ser uma deficiência que comprometeria a qualidade da Justiça.

Alterações Necessárias na Legislação

A proposta do CFOAB para alterar trechos da Lei nº 5.478/1968 visa transformar essa presença facultativa em obrigatória, garantindo assim que todos os pedidos de pensão alimentícia sejam acompanhados por advogados desde o início. Essa mudança é vista como uma proteção necessária para aqueles que, muitas vezes, estão em situações de vulnerabilidade.

Considerações Finais

A recente decisão do STF e os esforços da OAB para revertê-la colocam em evidência a importância da advocacia na proteção dos direitos civis e na administração da Justiça. A necessidade de representação qualificada em ações de pensão alimentícia é inegável e reflete um compromisso com a isonomia, o devido processo legal e a proteção dos indivíduos.

À medida que o debate avança no Congresso Nacional e entre especialistas do Direito, é essencial que a sociedade esteja atenta às implicações dessas decisões e mudanças legislativas. A proteção dos direitos dos cidadãos e o acesso à Justiça devem sempre prevalecer, garantindo uma sociedade mais justa e equitativa para todos.

Reflexão Final

Compreender a relação entre a advocacia e a Justiça é fundamental não apenas para os profissionais do Direito, mas para toda a sociedade. Assim, é crucial que a luta pela representação qualificada nas ações de pensão alimentícia e em outros campos do Direito continue, assegurando assim um sistema mais robusto e respeitoso aos direitos humanos e constitucionais.


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A luta pela defesa dos direitos na Justiça é um processo contínuo e requer a participação de todos. As questões que envolvem a assistência jurídica e a proteção dos mais vulneráveis não podem ser tratadas com descaso, sendo necessário um esforço coletivo para garantir que todos tenham acesso à defesa técnica e a uma representação justa.

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