Petrobras: Prejuízo inédito e dividendos preocupam investidores

Petrobras: Prejuízo inédito e dividendos preocupam investidores

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Petrobras: Resultados do 2T24 e Perspectivas Futuras

No segundo trimestre de 2024 (2T24), a Petrobras (PETR3; PETR4) surpreendeu o mercado ao reportar um prejuízo líquido de R$ 2,6 bilhões, marcando seu primeiro resultado negativo desde o terceiro trimestre de 2020. O resultado chocou investidores, especialmente considerando os lucros expressivos de R$ 28,8 bilhões no mesmo período do ano anterior e R$ 23,7 bilhões no trimestre anterior. No entanto, analistas apontam que esses números não devem ser motivo de alarde, dado que os resultados foram influenciados por fatores especiais e condições de mercado.

Impactos da Desvalorização e Custo Extraordinário

O resultado negativo do trimestre foi significativamente afetado por impactos tributários e cambiais. Um dos principais fatores que contribuíram para o prejuízo foi o reconhecimento de um custo extraordinário de R$ 10,6 bilhões, relacionado a um acordo com o CARF, anunciado em junho. Embora esse valor tenha impacto negativo no resultado contábil da empresa, analistas consideram a decisão como positiva, uma vez que eliminou um risco potencial muito maior, que poderia ter chegado a R$ 44 bilhões.

Além disso, a forte desvalorização do real ao longo do trimestre resultou em uma marcação a mercado da dívida da empresa, afetando negativamente o resultado em R$ 18,7 bilhões. É importante ressaltar que esse evento não gerou um efeito em caixa imediato e que a rentabilidade da empresa, que tem seu principal produto precificado em dólar, tende a mitigar os impactos de qualquer desvalorização cambial.

Resultados e Geração de Caixa

Apesar da perda reportada, a geração de caixa livre da Petrobras se manteve razoável. A pressão sobre as margens de refino, embora preocupante, não impediu a empresa de gerar caixa. Com uma revisão nos investimentos esperados para 2024, a Petrobras diminuiu sua previsão de capex de US$ 16 bilhões para uma faixa de US$ 13,5 a 14,5 bilhões, potencialmente aumentando o fluxo de caixa disponível para o segundo semestre.

Analistas da XP Investimentos ajustaram os números e, desconsiderando os itens não recorrentes, estimaram que o lucro líquido teria sido de US$ 5,4 bilhões. O fluxo de caixa livre para acionistas ficaria em linha com as expectativas e indicaria um yield anualizado de cerca de 20%, reforçando uma visão positiva sobre a companhia.

Aumento da Dívida e Dividendos

A assunção de dívidas também merece atenção. No final do 2T24, a dívida líquida da Petrobras aumentou em US$ 2,5 bilhões, totalizando US$ 46,2 bilhões. A companhia enfrentou uma pressão por dividendos e recompras, que somaram US$ 7,3 bilhões, submetendo-se a um saldo ajustado por vendas de ativos. O FCFE ficou em US$ 3,7 bilhões, com um yield de aproximadamente 4% no trimestre, evidenciando que a empresa continua a ser um ativo de distribuição.

Em um anúncio separado, a Petrobras informou um pagamento de dividendos de R$ 13,6 bilhões, correspondendo a um rendimento de cerca de 2,9% para os investidores. Este valor foi considerado alinhado com as expectativas do mercado. Embora a companhia tenha utilizado uma parte da reserva estatutária para financiar os dividendos, analistas apontam que isso não deve ser interpretado como um sinal de que os dividendos extraordinários estejam comprometidos no futuro.

Expectativas de Dividendos e Futuro da Petrobras

O uso da reserva estatutária para financiar dividendos ordinários trouxe dúvidas aos investidores, mas a Petrobras deixou claro que a decisão de dividendos extraordinários será baseada na geração de caixa e nas necessidades de financiamento da empresa. Dados da análise indicam que, com a revisão do capex e o desempenho financeiro esperado, a Petrobras pode gerar um fluxo de caixa livre adicional, que pode resultar em dividendos extraordinários antes do final do ano.

Analistas esperam que as condições de geração de caixa sejam favoráveis e que os resultados do terceiro trimestre de 2024 possam trazer uma nova oportunidade de anunciarem dividendos especiais. A empresa também espera concluir a revisão de seu plano estratégico até setembro, o que permitirá uma visão mais clara em relação a seus fluxos de caixa.

Conclusão

Os resultados do 2T24 da Petrobras são, sem dúvida, um reflexo das adversidades enfrentadas no mercado, especialmente em relação a fatores cambiais e custos extraordinários. No entanto, a companhia se mantém sólida em sua estratégia de geração de caixa e distribuição de dividendos. Com uma gestão focada em reduzir os custos de capex e em manter uma política de dividendos equilibrada, a Petrobras se mostra capaz de navegar por este cenário adverso. A expectativa de um futuro mais claro e a possibilidade de dividendos extraordinários tornam a empresa um ativo interessante para investidores que buscam oportunidades mesmo em tempos desafiadores.


As imagens e gráficos usados neste artigo foram retirados de sites com licença de uso gratuito ou domínio público e são livres de direitos autorais. É sempre importante acompanhar as novidades do mercado e as análises disponíveis para melhor entendimento da situação da Petrobras e de suas perspectivas.

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