Prisão de MC Poze do Rodo expõe elo entre o funk carioca e o crime organizado

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A madrugada do dia 29 de maio de 2025 começou tensa no Rio de Janeiro. Agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Civil prenderam o cantor MC Poze do Rodo em sua residência, sob acusações graves: apologia ao crime e envolvimento com o tráfico de drogas. A notícia caiu como uma bomba nas redes sociais e dividiu opiniões em todo o país.
Um ícone polêmico do funk nas mãos da polícia
Conhecido por letras que retratam a realidade das comunidades e uma postura desafiadora frente à mídia tradicional, Poze do Rodo sempre esteve no centro de controvérsias. Mas desta vez, a situação ultrapassou os limites da música. Segundo as autoridades, a investigação aponta que o funkeiro mantinha relações estreitas com o Comando Vermelho, uma das facções criminosas mais perigosas do país. A Polícia Civil afirma que ele realizava shows exclusivamente em áreas dominadas pela facção, como a Cidade de Deus, onde recentemente viralizou um vídeo mostrando homens armados com fuzis durante uma de suas apresentações.
Música ou mensagem criminosa?
A linha entre arte e crime nunca foi tão debatida. Poze, como tantos outros artistas da nova geração do funk, sempre defendeu que suas músicas apenas relatam a vida dura nas favelas. Mas a polícia vê diferente: para eles, há uma clara glorificação do tráfico, incentivando o comportamento criminoso como um estilo de vida admirado. “Não é só música. É uma celebração ao poder paralelo”, disse um dos agentes envolvidos na prisão, sob anonimato.
Repercussão nas redes: de apoio a revolta

Enquanto fãs lamentam a prisão do cantor e denunciam perseguição cultural contra o funk, outros comemoram a ação da polícia como um passo importante para coibir a influência do tráfico sobre a juventude. “O Poze é a voz da quebrada. Eles querem calar quem mostra a verdade”, comentou um seguidor indignado. Já outro foi direto: “Quem canta o que vive, paga o preço. Chega de romantizar bandido.”
A cultura encurralada entre arte e ilegalidade
Esse caso reacende um debate antigo: até que ponto a liberdade de expressão pode servir de escudo para práticas criminosas? MC Poze representa um fenômeno real — a fusão entre música, favela e poder paralelo. Mas quando o entretenimento se confunde com estratégia de dominação territorial, o alarme precisa soar. A prisão do artista é simbólica. Coloca em xeque não só o papel do funk nas comunidades, mas também as políticas públicas que falharam em oferecer alternativas à juventude negra e pobre do Rio de Janeiro. Enquanto a indústria cultural explora o “funk ostentação” e vende milhões em streams, o Estado continua ausente onde mais importa.
E agora, Poze?
A defesa de MC Poze do Rodo ainda não se manifestou oficialmente, mas é certo que o caso terá desdobramentos. A Justiça deverá decidir se há elementos suficientes para mantê-lo preso preventivamente ou se poderá responder em liberdade. De qualquer forma, o impacto já está feito — tanto em sua carreira quanto no cenário musical brasileiro. — Este artigo é um alerta. Não se trata apenas da queda de um ídolo, mas do reflexo de uma sociedade rachada entre o abandono e o crime, entre a arte e o desespero, entre o silêncio e a sobrevivência.
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