STF Impede Municípios da Mina de Mariana de Pagar Advogados

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Proibição de Pagamento de Honorários a Escritórios Estrangeiros: Impactos e Implicações para Municípios Mineiros
Recentemente, uma decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), trouxe nova luz sobre a atuação de municípios brasileiros que buscam reparação por desastres ambientais provocados pelo rompimento de barragens. O julgamento, que já entra em pauta em meio a um contexto de complexidade jurídica e social, proíbe que cidades afetadas por esses desastres paguem honorários a escritórios de advocacia que atuam fora do Brasil, alterando a dinâmica das ações judiciais em busca de indenização.
O Contexto das Barragens em Minas Gerais
Os desastres de Mariana (2015) e Brumadinho (2019) não só marcaram a história de Minas Gerais, mas também expuseram falhas de supervisão e responsabilidade na operação de barragens. Esses eventos trágicos resultaram em significativas perdas humanas e ambientais, além de widespread impactos econômicos para as comunidades locais.
O Rompimento da Barragem em Mariana
A ruptura da barragem da Samarco, uma joint venture entre a Vale e a BHP Billiton, resultou em um dos piores desastres ambientais do Brasil. O incidente causou a morte de 19 pessoas, contaminação de rios e devastação da flora e fauna local.
O Desastre em Brumadinho
Pouco mais de três anos depois, o colapso da barragem em Brumadinho gerou pânico e destruição, resultando em 272 mortes. O ato de responsabilização dos culpados e a busca por reparações financeiras geraram uma série de ações judiciais complexas, com foco tanto nas empresas envolvidas quanto nos órgãos responsáveis pela fiscalização.
A Decisão do STF: Proibição de Honorários
O ministro Flávio Dino fundamentou sua decisão, levando em consideração um pedido do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o qual alertou sobre a possibilidade de que municípios que acionassem a Justiça em outros países pudessem se tornar vítimas de um sistema onde os escritório estrangeiros se beneficiariam desproporcionalmente.
Detalhes da Decisão
Na sua deliberação, Dino argumentou que os municípios têm as suas remunerações atreladas a "taxas de sucesso", ou seja, uma porcentagem dos valores obtidos em indenizações. Por exemplo, a Pogust Goodhead, que representa as vítimas em Londres, havia mencionado que as taxas poderiam alcançar até 20% do total obtido.
Consequências Diretas
A decisão não apenas proíbe esses pagamentos, mas também exige que as prefeituras divulguem todos os contratos firmados com escritórios estrangeiros, para que a Justiça brasileira tenha ciência do que está sendo acordado. Isso visa trazer maior transparência e controle sobre as ações que, até então, aconteciam em jurisdições sem a supervisão brasileira.
Implicações Econômicas e Jurídicas
Proteção do Interesse Público
Um dos pontos mais importantes levantados pela decisão é a proteção do interesse público e dos recursos financeiros dos municípios. O Ibram defendeu que a cláusula de “taxa de sucesso” poderia prejudicar o verdadeiro sentido da reparação, onde os escritórios de advocacia se tornariam os principais beneficiários.
Legitimidade das Ações Judiciais
A decisão também levanta questões sobre a legitimidade dos municípios em processar empresas no exterior. O STF deve se debruçar sobre a ADPF 1178, que questiona se os entes municipais têm a autoridade para mover ações fora do Brasil sem violar a soberania nacional e o pacto federativo.
Rumo ao Julgamento das Ações
O julgamento das ações contra as mineradoras BHP Billiton e Vale está programado para iniciar em breve, e isso adiciona um novo elemento de urgência à situação. Com mais de 40 prefeituras envolvidas, a magnitude da situação requer um cuidado particular, dado o impacto que terá sobre a vida de milhares de cidadãos afetados.
Casa de Controvérsias
O advogado Tom Goodhead, que atua na defesa das vítimas, expressou preocupações sobre o futuro tratamento destes casos no Judiciário brasileiro e afirmou que grande parte da sua carga de trabalho se concentra no caso Mariana. Isso enfatiza que as repercussões desse julgamento serão observadas não apenas em Minas Gerais, mas em todo o Brasil.
Considerações Finais: Justiça e Reparação
A decisão do STF e o contexto de ações judiciais em andamento abrem debate sobre justiça, reparação e a responsabilidade das mineradoras. A busca por um equilíbrio entre os interesses locais e a necessidade de um tratado internacional que proteja as comunidades afetadas torna-se cada vez mais evidente.
A situação continua em evolução e será crucial acompanhar as deliberações futuras, pois a forma como o Brasil lida com esses casos pode muito bem moldar a detenção da responsabilidade corporativa em desastres futuros e a maneira como os direitos das comunidades são protegidos.
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