UE recua na proibição de carros a combustão após pressão do setor automotivo

UE recua na proibição de carros a combustão após pressão do setor automotivo
Photo by Erik Mclean

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União Europeia propõe reduzir meta de emissões para 90%, permitindo híbridos e combustíveis sustentáveis após 2035, em resposta à pressão do setor automotivo.

A União Europeia pode estar prestes a dar um dos recuos mais significativos em sua política ambiental dos últimos anos. Após intensa pressão de países como Alemanha e Itália, além de montadoras europeias em dificuldades frente à concorrência global, a Comissão Europeia propôs flexibilizar sua meta de proibição de carros com motores a combustão a partir de 2035.

Em vez de exigir que todos os novos automóveis vendidos no bloco sejam zero emissão a partir de 2035, como estava previsto, a proposta agora é reduzir as emissões de CO₂ em 90% em relação aos níveis de 2021, permitindo que até 10% dos veículos novas vendas ainda emitam carbono ou sejam híbridos plug-in ou equipados com tecnologias auxiliares.

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Por que a mudança? Pressão do setor

O setor automotivo europeu, responsável por cerca de 7% do PIB da UE e empregando milhões de trabalhadores vinha alertando que a meta original era irrealista sem um desenvolvimento mais robusto da infraestrutura de carregamento elétrico e incentivos mais fortes para consumidores.

Montadoras como Volkswagen e Stellantis destacaram que as vendas de veículos elétricos crescem mais lentamente do que o esperado e que a concorrência de empresas chinesas e americanas, com veículos elétricos mais baratos, está colocando pressão sobre a indústria local.

Sob esse contexto, a Comissão Europeia teria cedido às demandas do setor, permitindo flexibilidade regulatória que pode incluir a continuidade de plug-in híbridos, “range extenders” e até combustíveis sintéticos e biocombustíveis neutros em CO₂.

Como funciona a nova proposta

A proposta revogada manteria o objetivo de reduzir emissões, mas com mecanismos que reconhecem outras formas de mitigação:

  • Redução de CO₂ em 90% até 2035, em vez de 100% (que significaria carros totalmente sem emissões).
  • Os 10% remanescentes de emissões poderiam ser compensados por práticas como uso de aço de baixo carbono, biocombustíveis ou combustíveis sintéticos.
  • Híbridos plug-in, veículos com motores auxiliares e outras tecnologias não totalmente elétricas seriam permitidos no mercado após 2035.

Essa abordagem tenta equilibrar a transição para veículos elétricos com a realidade do mercado, onde a infraestrutura de recarga e a adoção de EVs variam bastante entre os países membros.

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Reações entre líderes e setores

A proposta dividiu opiniões:

  • Apoiadores da flexibilização, incluindo montadoras e representantes políticos da Alemanha e Itália, argumentam que a medida ajuda a proteger empregos e competitividade industrial em um mercado global cada vez mais competitivo.
  • Críticos ambientais alertam que essa redução na ambição climática pode minar os esforços da UE para liderar na luta contra as mudanças climáticas e incentivar investimentos fortes em mobilidade elétrica.

Michael Lohscheller, CEO da Polestar, montadora sueca de veículos elétricos, disse que recuar de 100% para 90% pode parecer pequeno, “mas isso pode prejudicar não só o meio ambiente, como também a competitividade da Europa no setor de carros elétricos”.

Michael Lohscheller -CEO da Polestar

Consumidores e Mercado

Se aprovada, a proposta significará que consumidores europeus poderão continuar comprando carros com motores térmicos ou híbridos após 2035, com regras que incentivam, mas não exigem, que todos os veículos sejam elétricos.

Para o mercado global, essa mudança pode frear a corrida europeia rumo à eletrificação completa antes de outras regiões, especialmente quando comparada à China, onde as vendas de carros elétricos crescem a taxas aceleradas.

A proposta ainda precisa ser aprovada pelos governos dos Estados-membros e pelo Parlamento Europeu antes de entrar em vigor. Até lá, a discussão deve continuar, equilibrando interesses industriais, metas climáticas e a urgência de uma transição energética de longo prazo.

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