Universidade Federal do Maranhão: Polêmica sobre Performance Sexual

Universidade Federal do Maranhão: Polêmica sobre Performance Sexual

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A Performance de Tertuliana Lustosa e a Controvérsia nas Universidades Públicas

1. O Evento da Universidade Federal do Maranhão

Recentemente, a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) se tornou o palco de um evento que gerou ampla controvérsia nas redes sociais e entre a opinião pública. Na mesa-redonda sobre gênero e sexualidade, realizada na quinta-feira, 17, a historiadora e cantora Tertuliana Lustosa apresentou uma performance provocativa que rapidamente viralizou. Durante sua apresentação, chamada "Educando com o cu", Tertuliana subiu na mesa e dançou, enquanto recitava versos ousados de um funk que buscava quebrar tabus relacionados ao prazer e à educação sexual.

1.1 A Letra da Performance

Os versos que Tertuliana recitou durante sua performance “Educando com o cu” foram os seguintes:

— Vou te ensinar gostoso dando aula na sua pica. Aqui não tem nota, nem recuperação. Não tem sofrimento, se aprende com tesão, de quatro e cu, cu, cu.

Essas palavras deram início a um intenso debate sobre a liberdade de expressão nas universidades públicas, bem como sobre o papel dessas instituições na promoção de discussões mais amplas sobre sexualidade e gênero.

2. A Natureza da Liberdade de Expressão

Essa apresentação levantou uma pergunta importante: pode a universidade pública ser um espaço para atividades como essa? Assim, é crucial compreender o conceito de liberdade de expressão no contexto universitário.

2.1 A Universidade como Espaço de Debate

A resposta inicial é positiva: sim, a universidade deve ser um espaço que permite a livre expressão. As universidades são locais dedicados ao conhecimento, à pesquisa e à troca de ideias, e devem, portanto, abrir espaço para discussões sobre temas controversos que estejam em sintonia com a diversidade da sociedade. Entretanto, essa questão é muito mais complexa do que uma simples afirmação.

3. A Dualidade da Controvérsia

Eventos como o de Tertuliana Lustosa não são a primeira controvérsia relacionada à sexualidade e ativismo político nas universidades brasileiras. Nos últimos anos, uma série de eventos desse tipo chamou a atenção, gerando reações polarizadas.

3.1 A Ideia de Subversão em Jogo

Para os ativistas envolvidos na promoção de eventos com essa natureza, a ideia central é de se posicionar como agentes subversivos que desafiam as normas impostas pelo patriarcado e pela sociedade conservadora. Esta busca por identidade e reconhecimento muitas vezes é alimentada pela repercussão midiática que essas performances recebem, fortalecendo a percepção de um "perigo" a ser combatido.

Além disso, quanto mais críticas esses eventos recebem, mais os organizadores se sentem validados em sua luta. Essa dinâmica fornece uma espécie de escudo contra a oposição, mas pode ser vista como uma subversão sem riscos reais, já que a comunidade acadêmica em geral tende a apoiá-los.

4. O Impasse das Instituições de Ensino

As instituições universitárias estão, assim, em um dilema. Elas devem esclarecer à sociedade que performances como a de Lustosa não definem a norma das atividades acadêmicas. É fundamental, em um ambiente que recebe bilhões de reais de investimento público, garantir que o foco principal da universidade permaneça na formação profissional e na pesquisa científica.

4.1 A Necessidade de Politização e Pluralidade

Entretanto, também é necessário preservar a liberdade de expressão para que vozes diversas sejam ouvidas. Isso levanta outras questões: existe de fato uma pluralidade política nas instituições? As universidades estão preparadas para acolher debates que reflitam a diversidade da sociedade brasileira, incluindo os pontos de vista considerados "de direita"?

5. Desafios da Liberdade de Expressão

Embora a liberdade de expressão seja um princípio fundamental para qualquer instituição acadêmica, na prática, essa liberdade é frequentemente restringida. Há um consenso de que a aceitação de determinadas performances e discussões acadêmicas é seletiva.

5.1 Limitações na Aceitação de Ideias

Um exemplo disso é a resistência a discussões que envolvam ideais conservadores, que muitas vezes são deslegitimadas ou ridicularizadas dentro de ambientes universitários. Isso resulta em uma atmosfera que privilegia certas ideologias em detrimento de outras, prejudicando a pluralidade que deveria ser um pilar das universidades.

6. O Debate Necessário: Coerência e Consenso

Retornando à questão central da controvérsia, podemos novamente perguntar: a universidade pode abrigar uma performance como a de Lustosa? A resposta não é simples e envolve múltiplas dimensões.

6.1 Aceitação de Diversidade Ideológica

Para que a resposta seja afirmativa, é necessário que as universidades estejam dispostas a acolher expressões equivalentes de outras perspectivas políticas. Isso exigiria uma abertura genuína para escutar vozes conservadoras, bem como a disposição para permitir diálogos que desafiem os paradigmas atualmente sustentados nas instituições.

6.2 O "Dever" da Liberdade de Expressão

A segunda parte da resposta é igualmente importante: nem tudo que é permitido deve, efetivamente, ser realizado em um espaço acadêmico. Num clima onde as universidades são vistas como locais de libertinagem e proselitismo político, talvez seja mais sensato repensar a adequação de performances de tal natureza.

7. Considerações Finais

Portanto, o episódio envolvendo a performance de Tertuliana Lustosa ilumina questões críticas sobre a função das universidades públicas no Brasil. A liberdade de expressão é um valor inegociável, mas a verdadeira pluralidade de ideias e o respeito por todas as vozes devem ser igualmente defendidos.

Ao explorar o equilíbrio entre ser um espaço de liberdade e promover uma educação profissional e científica robusta, as universidades precisam encontrar um modo de navegar por esse espaço complexo e, muitas vezes, conflituoso.

7.1 Reflexão sobre o Futuro

Construir um ambiente que promovam debates saudáveis, sem deixar de lado a diversidade de pensamento, é um desafio que as universidades enfrentarão. E, enquanto isso, a sociedade em geral continua a acompanhar de perto como esses embates moldarão o futuro da educação pública no Brasil.


A complexidade desse tema demanda uma análise cuidadosa e uma abertura ao diálogo, essencial para o desenvolvimento saudável das instituições de ensino e da sociedade como um todo. É imprescindível que a liberdade de expressão não seja vista como um privilégio de um grupo, mas como um direito de todos.

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